Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Corpo de brasileira morta na fronteira entre México e Estados Unidos é liberado, e família pede ajuda para trazer ao País

O corpo da técnica de enfermagem Lenilda Oliveira dos Santos, de 49 anos, encontrada morta em uma área desértica no Novo México, foi liberado nesta quinta-feira (23) pelo Office of the Medical Investigator (órgão equivalente ao Instituto Médico Legal, no Brasil) da cidade de Albuquerque, nos Estados Unidos.

A brasileira foi localizada sem vida em 15 de agosto por uma patrulha norte-americana perto da cidade de Deming. Moradora de Vale do Paraíso, em Rondônia, ela tentava atravessar a fronteira ilegalmente com um grupo de amigos, mas foi abandonada no caminho e provavelmente morreu de sede e fome.

Com a liberação do corpo, uma prestadora de serviços para brasileiros radicados nos EUA deu entrada nos trâmites para o traslado dos restos mortais. Segundo Kleber Vilanova, proprietário da empresa, o processo ainda deve demorar até 15 dias para que o corpo chegue ao Brasil.

“Como ela foi abandonada no deserto, tem certos critérios e requisitos legais para a liberação. Ainda há uma investigação em aberto. Então o corpo dela foi transferido do IML de Deming para o de Albuquerque, capital do Novo México, onde fizeram perícia completa e autópsia. E só agora tivemos a liberação das autoridades para procurar uma funerária, a empresa que levará o corpo para o Brasil e o Consulado Brasileiro “, explicou Vilanova.

A funerária ficará responsável por preparar o corpo conforme os requisitos legais do Novo México e também de acordo com as exigências da companhia aérea que fará o transporte. Os custos do traslado serão pagos com dinheiro arrecadado em vaquinhas online que contam com apoio de parentes, amigos e demais membros da comunidade brasileira nos EUA.

Uma das vaquinhas, feita por uma das filhas de Lenilda, arrecadou pouco mais de R$ 17 mil até o momento. Em outra, promovida por Vilanova nos EUA, foram doados US$ 8,6 mil. Os custos para a repatriação do corpo são estimados em cerca de US$ 12 mil, aproximadamente R$ 63 mil na cotação atual.

“A família quer realizar o velório e, por isso, serão feitos certos processos no corpo dela. Tem que fazer um empacotamento especial para preservar o corpo. Ainda não sabemos se a quantia arrecada vai dar para pagar tudo aqui nos EUA. Mas, no Brasil, realmente não se sabe como vão levar o corpo para Rondônia”, afirmou Vilanova.

Procurado, o Itamaraty afirmou que, por meio do Consulado-Geral em Houston, “acompanha com atenção o caso e está à disposição para prestar toda a assistência cabível, respeitando-se os tratados internacionais vigentes e a legislação local”. Disse ainda o traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior para o Brasil é uma “decisão da família” e que “não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento com recursos públicos”.

Ajuda para traslado

O transporte contratado nos EUA levará o corpo da brasileira somente até São Paulo. A família ainda estuda maneiras para que os restos mortais da vítima cheguem a Rondônia, onde Lenilda será sepultada. Os parentes tentam contato com autoridades e políticos da região para viabilizar uma aeronave.

“Estamos pedindo ajuda para quem puder contribuir e que as autoridades tomem providências para que isso não ocorra mais. A gente precisa de alguma autoridade ou de um político que disponibilize uma aeronave para trazer o corpo até Rondônia, se tivesse como. Até agora ninguém se pronunciou”, disse Leci Pereira, irmão de Lenilda.

A brasileira deverá ser sepultada no município rondoniense de Ouro Preto, a cerca de 37 km de Vale do Paraíso, onde a família mora. Na cidade, estão enterrados outros parentes da vítima.

“Lá está o túmulo do meu avô, do meu pai, do meu primo. E queremos enterrá-la junto com eles”, afirmou Leci.

Morte do deserto

Lenilda atravessou ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos. Ela estava viajando com alguns conhecidos de Vale do Paraíso, em Rondônia, onde morava antes de tentar a travessia. O grupo também estaria com um “coiote”. Durante a caminhada, Lenilda começou a ficar desidratada e não conseguiu continuar. Ela acabou abandonada pelos colegas e pelo “guia”.

Irmão da vítima, Moizaniel Pereira de Oliveira, 46 anos, disse que Lenilda morreu rastejando para chegar a uma pedra, onde provavelmente buscaria se encostar e sombra.

“Nós procuramos um advogado, que entrou em contato com a polícia de lá (Deming, uma cidade do Novo México). Os policiais foram para onde ela tinha mandado a localização, pelo celular, mas a Lenilda não estava no local. Então eles fizeram uma varredura em (um raio de) 5 milhas. O corpo dela foi encontrado na direção de uma rocha, ela morreu rastejando, tinha um rastro atrás dela. Provavelmente ela buscava um lugar para encostar e ter sombra — disse.

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