Sábado, 20 de abril de 2024

Cúpula do PSDB se reúne em meio a crise sobre candidatura própria do partido à Presidência da República

A Comissão Executiva Nacional do PSDB se reuniu na tarde desta terça-feira (17) em meio a uma crise sobre os rumos que o partido tomará nas eleições de outubro. Participaram do encontro o presidente do PSDB, Bruno Araújo, e representantes do ex-governador de São Paulo e pré-candidato João Doria. Integrantes da cúpula do partido, deputados e senadores também compareceram.

O encontro foi convocado por Bruno Araújo após Doria divulgar, no último fim de semana, uma carta ao presidente da legenda. No documento, assinado também por um advogado, o ex-governador cobra respeito às prévias realizadas pelo partido que o definiram como pré-candidato da legenda ao Palácio do Planalto.

Doria também diz ser alvo de “tentativas de golpe” e questiona o uso de pesquisas neste momento para uma tomada de decisão pelo PSDB sobre o pleito de outubro.

“Solicitamos que você [Bruno Araújo] respeite o estatuto do PSDB e a vontade democraticamente manifestada pela ampla maioria dos trinta mil eleitores do nosso partido”, afirmou Doria no documento.

Partido dividido

O PSDB está dividido acerca de que posição adotará nas eleições presidenciais. Uma ala da legenda, liderada por Bruno Araújo, negocia um arranjo com outros partidos de centro – no caso, o MDB e o Cidadania – com a possibilidade de indicar um nome tucano para ser o vice de uma chapa encabeçada pela senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Dentro desse grupo, há também tucanos preocupados com as eleições para o Congresso e para os governos dos Estados, que entendem que os recursos e esforços devem ser centrados nas disputas para o Legislativo e para os executivos estaduais. A bancada tucana na Câmara vem diminuindo.

Outra parcela do PSDB, coordenada por João Doria, diverge e defende a manutenção da pré-candidatura do ex-governador de São Paulo, apesar de ele não apresentar bom desempenho nas recentes pesquisas divulgadas por institutos.

Essa parte do PSDB sustenta que o partido realizou uma eleição interna, na qual Doria derrotou o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto. E lembra que Simone Tebet, do MDB, também não figura entre os primeiros colocados nas pesquisas.

Na carta que culminou com a convocação da Executiva Nacional do PSDB, Doria declarou que uma decisão da cúpula partidária não pode se sobrepor às prévias.

O ex-governador também afirmou que eventuais descumprimentos do estatuto do partido poderão ser questionados judicialmente, o que foi visto como uma ameaça pelo grupo de Bruno Araújo.

“Terceira via”

Apesar de ter realizado as prévias, o PSDB manteve contato com outras legendas a fim de construir uma candidatura única de centro ao Palácio do Planalto, que tem sido chamada de “terceira via”. Seria uma alternativa aos nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) – líderes nas pesquisas eleitorais.

No comunicado aos integrantes da Executiva Nacional, quando convocou a reunião desta terça, Bruno Araújo afirmou que as articulações com outras siglas de centro contaram com a “anuência” de João Doria.

“Todas as negociações até este momento de uma aliança em torno de uma candidatura única se iniciaram com notória anuência do ex-governador de São Paulo, pré-candidato do PSDB à Presidência, e com o aval da Executiva Nacional do Partido e das bancadas no Congresso Nacional”, disse Araújo.

As conversas em torno de uma candidatura única da terceira via, entretanto, estão em marcha lenta. Recentemente, o União Brasil, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE), que estava participando das negociações, anunciou o desembarque do partido do grupo.

Segundo Bivar, o União Brasil terá candidatura própria, “chapa pura”, no pleito de outubro. Os nomes da composição ainda não foram definidos.

O impasse dentro do PSDB e a indicação, por meio de pesquisas eleitorais, de uma disputa polarizada entre Lula e Bolsonaro fizeram o ex-ministro das Relações Exteriores e ex-senador Aloysio Nunes anunciar apoio ao petista na disputa.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Aloysio Nunes, que é filiado ao PSDB há décadas, disse que Doria “não tem apoio consistente dentro do próprio PSDB”. E declarou que Lula é o candidato capaz de derrotar Jair Bolsonaro. “Não há hesitação possível. Vou apoiá-lo [Lula] no primeiro turno”, afirmou Nunes.

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