Quarta-feira, 15 de maio de 2024

De janeiro a julho, os Estados Unidos expulsaram mais de 2 mil e 400 brasileiros que tentavam entrar no país ilegalmente, um aumento de 69% na média mensal

O número de brasileiros deportados dos Estados Unidos atingiu seu maior patamar nos sete primeiros meses de 2022, com 2.423 cidadãos expulsos em 19 voos fretados pelo governo americano, segundo a Polícia Federal. O volume é comparável ao total de pessoas que tiveram de deixar aquele país no ano passado: 2.447. Se em 2021 a média foi de 204 deportados por mês, em 2022, até julho, está em 346, uma alta de 69%.

Segundo especialistas, a maioria dos deportados foi para Minas Gerais e São Paulo. As razões para a alta são principalmente econômicas, mas também pesam o maior rigor na fiscalização das autoridades migratórias com a pandemia de covid e uma mudança na lei brasileira, em 2019.

O Brasil firmou um acordo com o governo americano que dispensou a necessidade de o brasileiro deportado ter passaporte. O documento passou a ser substituído por uma declaração que comprova a nacionalidade original da pessoa. O presidente Jair Bolsonaro, na época, atendeu a um pedido do então presidente americano Donald Trump. Mas a eleição de Joe Biden não abrandou o sistema de detenção de ilegais e a deportação.

Mauricio Ejchel, advogado que atende casos de brasileiros tanto no Brasil quanto nos EUA, afirma que as condições no tratamento dessas pessoas são “sub-humanas em todos os momentos”, desde a detenção ao confinamento nas prisões e no retorno, quando voltam algemados.

“Pouco fornecimento de comida, superlotação nas celas e tratamento rude pelas autoridades são relatos que pude apurar”, conta.

O tratamento dos brasileiros é um fator de irritação nas relações entre Brasil e EUA. Os governos dos dois países conversam há algum tempo sobre o assunto, mas não há avanços.

Segundo uma fonte diplomática, os brasileiros estão sendo detidos com ordem definitiva de deportação. Assim, é melhor voltar do que ficar em prisões com desconhecidos e longe dos parentes.

“Com a situação da covid, os EUA adotaram a ‘expulsão rápida’, que, para a lei americana, não conta nas estatísticas do número de extradições”, diz Ejchel.

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