Sexta-feira, 17 de maio de 2024

Demitido por homofobia, jogador de vôlei Maurício Souza revela convite de partidos conservadores para futuro na política a partir de 2022

Na esteira da demissão por homofobia, o central Maurício Souza revelou ter aspirações políticas para as eleições de 2022. Na última semana, o jogador foi dispensado do Minas Tênis Clube por postagens com teor discriminatório.

“Isso é uma coisa que não estava previsto, nunca me imaginei na política, mas estão me pedindo muito. Muitos partidos conservadores estão me dizendo que seria importante. Tenho uma responsabilidade muito grande, em cada post que eu faço, cada entrevista que eu dou. Estou vendo o impacto direto que estou tendo nas pessoas. Hoje elas enxergam em mim esse exemplo. Tenho que pedir sabedoria pra Deus pra eu representar bem essas pessoas”, disse o atleta, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.

O central ainda comentou o futuro dentro do esporte, agora que está sem clube nenhum.

“Tudo que eu fiz, construí e batalhei, manchou. Não é só um time me contratar, não é só perder o emprego. O Minas vai pagar meu salário, mas e aí pra frente? Não vou arrumar um time fácil, vai ser uma pressão em cima dos patrocinadores do time, e meus companheiros vão ter que ter uma cabeça forte”, reclama.

Entenda

O caso começou quando, no dia 12 de outubro, Mauricio se mostrou incomodado com o fato de o personagem Super-Homem surgir bissexual na nova edição da revista da DC Comics. No momento da publicação, tinha mais de 250 mil seguidores – agora, já passou dos 2,5 milhões. Após pressão dos patrocinadores, Fiat e Gerdau, o Minas dispensou o jogador no último dia 27.

Além disso, as redes sociais dos patrocinadores do clube, que pressionaram por medidas punitivas a Maurício, vêm sendo invadidas por comentários de perfis identificados com a extrema direita. Eles falam em boicote às empresas e as acusam de atacar a liberdade de expressão.

Entre os apoiadores deste movimento estão os filhos do presidente Jair Bolsonaro: o deputado federal Eduardo, o vereador Carlos e o senador Flávio. Páginas caracterizadas por postagens homofóbicas, machistas e contra a diversidade de gênero também têm insuflado este comportamento.

Crime

A criminalização da homofobia e da transfobia foi permitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em decisão de junho de 2019. Por 8 votos a 3, os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais passariam a ser enquadrados no crime de racismo.

A criminalização da homofobia e transfobia prevê que:

— “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
— a pena será de um a três anos, além de multa;
— se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
— e a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.

Com a decisão do STF, o Brasil se tornou o 43º país a criminalizar a homofobia, segundo o relatório “Homofobia Patrocinada pelo Estado”, elaborado pela Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga).

No julgamento de 2019, a Corte atendeu parcialmente a ações apresentadas pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) e pelo partido Cidadania (antigo PPS). Essas ações pediam que o STF fixasse prazo para o Congresso aprovar uma lei sobre o tema, um ponto que não foi atendido na época.

Na ocasião, os ministros fizeram ressalvas sobre manifestações em templos religiosos. Segundo os votos apresentados:

— não será criminalizado: dizer em templo religioso que é contra relações homossexuais;
— será criminalizado: incitar ou induzir em templo religioso a discriminação ou o preconceito.

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