Domingo, 19 de maio de 2024

Desemprego cai entre jovens, mas continua o dobro da taxa nacional

O mercado de trabalho brasileiro colhe dados positivos em meio à reabertura da economia ao longo do primeiro semestre, com queda do desemprego em 22 estados no segundo trimestre. Mas perduram certas desigualdades: a taxa de desocupação entre jovens foi o que mais caiu no período, mas continua sendo o dobro da taxa nacional. Mulheres e pessoas pretas também encontram menos oportunidades: esta taxa é maior para esse grupo, se comparado com a taxa dos homens e pessoas brancas.

É o que apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) Trimestral, divulgada nesta sexta-feira (12). No índice geral, a taxa de desemprego recuou de 11,1 no primeiro trimestre para 9,3% no segundo trimestre deste ano, totalizando 10,8 milhões de desempregados no período de abril a junho.

Segundo o IBGE, a desocupação de jovens de 18 a 24 anos recuou de 22,8% para 19,3% na passagem do primeiro para o segundo trimestre.

“Foi, entre as faixas etárias, onde mais caiu. Mas ainda sim, é uma taxa bastante elevada, bem acima da média”, diz a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

O chamado desemprego de longa duração também chama a atenção. Quase um terço (29,6%) dos desempregados no país procura trabalho há mais de dois anos, totalizando 2,9 milhões de brasileiros.

Na avaliação de Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, a queda do desemprego é maior nos grupos que possuem maior taxa de desemprego, o que é compreensível em função da base de comparação mais elevada e do processo de recuperação do emprego pela qual passa o país.

Segundo Barbosa, a queda do desemprego observada em todos os recortes (seja por cor, faixa etária ou gênero), está associada ao processo de reabertura pós-pandemia diante da recuperação da economia ao longo do primeiro semestre.

“Muito mais gente está colocando renda em casa do que se esperava. A parte negativa é o salário mais baixo, mas faz parte de um processo de ajustamento do mercado de trabalho esse tipo de queda no salário real após uma crise dessas.”

Os setores intensivos em contato são também intensivos em mão de obra e agora retomam suas atividades, explica Barbosa, ao citar a retomada dos eventos como ponto importante para geração de empregos no período.

Segundo o IBGE, enquanto as taxas de desemprego das pessoas brancas (7,3%) e de homens (7,5%) ficaram abaixo da média nacional (9,3%), enquanto as das mulheres (11,6%) e de pessoas pretas (11,3%) e pardas (10,8%) continuaram mais altas no segundo trimestre deste ano.

Segundo Adriana Beringuy, houve um diminuição do contingente de desempregados entre os diferentes recortes, mas a distância entre homens e mulheres ainda é grande. A taxa de desocupação das mulheres foi 54,7% maior que a dos homens no segundo trimestre de 2022, embora essa diferença já tenha sido de 69,4% no primeiro trimestre de 2012.

A mesma disparidade ocorre no recorte por cor ou raça. Apesar de o desemprego ter recuado para todos os grupos (brancos, pretos e pardos), há uma incidência maior de pessoas pretas ou pardas sem emprego. Cerca de 64,7% do total de desempregados no país eram pretos ou pardos, enquanto os brancos representavam 34,3%.

“A queda por si só [do desemprego] para ambos os grupos não diminuiu a distância do desemprego que existe entre pretos e brancos”, explica.

A pesquisa também estima a renda média recebido pelos trabalhadores. No segundo trimestre, o rendimento foi mensurada em R$ 2.652, o que representa estabilidade em relação ao primeiro trimestre (R$ 2.625). Por outro lado, o rendimento é 5,1% menor do que há um ano, quando o valor era estimado em R$ 2.794 no segundo trimestre de 2021.

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