Sábado, 12 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 20 de outubro de 2023
Duas semanas antes do ataque realizado pelo grupo terrorista Hamas a Israel, o líder da oposição isralense, Yair Lapid, disse que os cidadãos israelenses estavam “perto de um conflito violento”. A gravação de Lapid, que é ex-primeiro-ministro e desafeto de Benjamin Netanyahu, não recebeu atenção em um primeiro momento, mas viralizou nos últimos dias por seu caráter “premonitório”.
“Cabe a mim alertar os cidadãos israelenses de que estamos perigosamente perto de um conflito violento em várias frentes”, disse ele, que, como ex-premiê, está a par dos briefings de segurança confidenciais fornecidos pelo governo ao presidente, membros do gabinete e ao chefe da oposição no Parlamento.
No mesmo vídeo, ele disse que “os acontecimentos recentes perto da fronteira de Gaza são exatamente do tipo que no passado nos levaram a ciclos de guerra”. Lapid continuou dizendo que, antes, “os governos israelenses, incluindo os liderados por Netanyahu, souberam como operar para acalmar a situação, reforçando e mobilizando” as forças e “realizando operações precisas, esforços de inteligência”.
Aviso ignorado
O ex-primeiro-ministro também citou o “trabalho sistemático coordenado com a Autoridade Palestina, os egípcios e os jordanianos”. De acordo com ele, o governo de Israel conseguiu impedir uma onda de ataques terroristas no ano passado porque agiu rapidamente — algo que, afirmou, “não é o que está acontecendo hoje”. Lapid alertou que o governo não estava em coordenação com suas forças de segurança.
As recomendações oficiais de militares, continuou ele, vinham sendo “ignoradas pelos ministros do gabinete do primeiro-ministro israelense”. O líder opositor afirmou que “todos os chefes de segurança”, incluindo o Exército, o Shin Bet (serviço de segurança interna), a polícia e as agências de inteligência estavam “alertando o governo e o gabinete de que a violência” estava aumentando.
O alerta de Lapid reforça a dúvida sobre quem deveria ser responsabilizado pelas falhas de segurança de Israel no dia 7, quando membros do Hamas invadiram o sul do país e mataram mais de 1,4 mil pessoas. Segundo o jornal “The Washington Post”, alguns analistas apontam semelhanças com o que ocorreu após a Guerra do Yom Kippur, em 1973, quando Israel também foi pego de surpresa.
Naquela ocasião, as falhas levaram a uma investigação sobre a atuação da então premiê Golda Meir. Isso marcou o fim da geração dos líderes fundadores do país, além da hegemonia do Partido Trabalhista. Golda deixou o cargo em 1974, abrindo caminho para a primeira vitória eleitoral do Likud, nova força da centro-direita, com Menachem Begin, em 1977.