Sábado, 12 de outubro de 2024

Em escalada de guerra comercial com os Estados Unidos, China restringe exportações de grafite, usado em carro elétrico

A China adotou controles mais rígidos de exportação sobre alguns tipos de grafite, matéria-prima crucial para as baterias de carros elétricos, em uma ação que, segundo o governo chinês, via “proteger a segurança nacional e os interesses (do país)”, num sinal de escalada da guerra comercial contra os Estados Unidos.

As novas restrições se aplicam ao chamado grafite de “uso duplo”, ou seja, que possa ser aplicado também para finalidades militares, e entrarão em vigor em 1º de dezembro.

O grafite é um ingrediente essencial nos ânodos das baterias de veículos elétricos, que são terminais dentro de uma célula recarregável. Os fabricantes de baterias podem usar grafite natural extraído de minas para fazer ânodos ou um material sintético que normalmente é mais caro, mas tem uma vida útil mais longa, carrega mais rápido e melhora a segurança.

A China é uma fonte importante desse material no seu estado bruto e também responde por cerca de 60% da capacidade de produção global de grafite natural e 90% da variedade sintética.

“Isso definitivamente afetará duramente a indústria de veículos elétricos e baterias”, disse Daniel Kollar, chefe de Automotivo e Cadeia de Suprimentos da consultoria Intralink, referindo-se à dominância da China na produção desse material. “Mas também dependerá de quanta pressão a China quer exercer sobre as indústrias estrangeiras”, acrescentou.

James Lee, um analista de materiais de baterias em Seul na KB Securities Co., chamou a decisão de “chocante”:

“A China usou sua última e mais forte carta de negociação com os EUA, em termos de regulamentação da indústria de veículos elétricos”, destacou Lee.

Restrição de chips

Ele avalia que agora os EUA poderão adotar retaliações, como restringir o uso de baterias chinesas em veículos produzidos pela Tesla. A empresa de Elon Musk opera uma fábrica em Xangai que responde por mais da metade da produção total da empresa dos EUA.

A ordem de Pequim ocorre dias depois de o governo americano intensificar os esforços para evitar que chips avançados cheguem à China, uma campanha que inclui a restrição na venda de processadores projetados especificamente para o mercado chinês. O embaixador dos EUA na China, Nicholas Burns, disse que as medidas eram necessárias para “fechar lacunas”, de acordo com uma entrevista na quinta-feira.

O Ministério do Comércio chinês, por sua vez, disse que as medidas adotadas nesta sexta-feira são um ajuste normal que não tem como alvo nenhum país ou região específica e que as exportações que estiverem em conformidade com as regulamentações serão permitidas.

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