Sábado, 12 de outubro de 2024

Ex-ministro de Lula, o coronel Gonçalves Dias e outro militar envolvido em mensagem sobre golpe são convocados pela CPI dos Atos Extremistas

A CPI mista do 8 de Janeiro aprovou nesta terça-feira a convocação de quatro pessoas para prestarem depoimento ao colegiado. São elas: o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, o ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha, o coronel do Exército Jean Lawand Junior e o perito da Polícia civil do Distrito Federal (DF) Renato Martins Carrijo. As datas das oitivas ainda não foram agendadas.

Gonçalves Dias

O depoimento do general Gonçalves Dias é um dos mais aguardados pelo Congresso. Próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi exonerado do cargo após ser filmado circulando pelo Palácio do Planalto no dia dos ataques de 8 de janeiro.

Além de dar explicações sobre esse episódio, Gonçalves Dias será questionado sobre os alertas que teria recebido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) dias antes dos atos golpistas. Um dos informes relatava que havia uma convocação de caravanas pelo país de “manifestantes com acesso a armas e com a intenção de invadir o Congresso Nacional”. O texto ainda dizia que “outros edifícios na Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvo de ações violentas”.

Com a convocação do general que era conhecido como “sombra” de Lula, a oposição pretende dar força à alegação de que houve omissão da parte do governo federal em 8 de janeiro. A base do governo, por sua vez, se preocupa com a ida dele à CPI diante do perfil pouco político de Gonçalves Dias.

Saulo da Cunha

Então diretor adjunto da Abin na época dos ataques, Saulo da Cunha deve prestar esclarecimentos sobre os alertas produzidos pela agência de inteligência naquele momento. Ele também pode indicar os gestores de todos os órgãos que receberam os informes, entre eles estão representantes do governo do Distrito Federal, da Polícia Legislativa, Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Supremo Tribunal Federal (STF) e Ministério da Justiça. A convocação dele também foi pedida inicialmente pela oposição.

Jean Lawand

Já a ida do coronel Jean Lawand foi solicitada por parlamentares aliados do governo. O militar aparece discutindo com Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma suposta trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu as eleições no ano passado.

Na época, Lawand era subchefe do Estado Maior do Exército. Os diálogos interceptados pela Polícia Federal trazem frases como “convença o 01 a salvar esse país”, “o presidente vai ser preso” e “Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem, que o povo está com ele, cara”. Após as mensagens virem à tona, o Exército afirmou que se tratam de “opiniões pessoais” que não representam o pensamento da Força.

Renato Carrijo

Outro pedido da base aprovado foi a convocação do perito Renato Carrijo. Ele foi o autor do laudo sobre o artefato explosivo colocado em um caminhão de combustível próximo ao Aeroporto de Brasília, em dezembro de 2022. O perito deve atestar que o objeto encontrado era realmente uma bomba que chegou a ser acionada, mas não explodiu por um erro de montagem.

Segundo as investigações da Polícia Civil do DF, os envolvidos na fabricação dos explosivos eram manifestantes que não aceitavam o resultado das eleições e frequentavam o acampamento golpista montado em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.

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