Quarta-feira, 24 de abril de 2024

Ex-presidente da Argentina vira réu em caso de espionagem

O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri virou réu por supostamente ter espionado famílias dos 44 marinheiros mortos do submarino militar ARA San Juan em 2017, quando ocupava a chefia do Executivo, informou o juiz encarregado da investigação. Na acusação formal, o magistrado detalhou que Macri responderá em liberdade, mas está proibido de deixar o território nacional.

Macri é acusado de facilitar a espionagem para obter dados pessoais e informações sobre os familiares dos tripulantes do submarino. Inclusive, segundo o juiz, para verificar informações como opiniões políticas e participação em organizações sociais, sindicais e partidárias.

Esse é o primeiro processo formal contra o ex-presidente desde que ele deixou o cargo, em 2019. “As práticas ilegais que se suspeitam nesta resolução nos remontam às épocas mais obscuras de nosso país”, disse o magistrado, referindo-se à ditadura militar que comandou a Argentina entre 1976 e 1983.

“É uma perseguição política”, alegou Macri sobre o processo, em declaração feita durante visita ao Chile na quarta-feira (1º). Ele comandou a Argentina entre 2016 e 2019, quando perdeu a eleição para o atual presidente, Alberto Fernández.

Naufrágio

O ARA San Juan desapareceu em 15 de novembro de 2017, quando voltava do porto de Ushuaia, onde havia feito exercícios militares, para a base naval de Mar del Plata.

Horas antes, o comandante tinha emitido alerta sobre uma falha provocada pela entrada de água por um duto de ventilação que vazou no compartimento das baterias elétricas e produziu um princípio de incêndio.

Embora a Marinha argentina tenha garantido em várias ocasiões que esse problema foi “corrigido” e que o San Juan continuou navegando para Mar del Plata, o certo é que seu rastro foi perdido e a embarcação jamais chegou ao porto dessa cidade, onde deveria ter atracado em 19 de novembro.

Só um ano depois do desaparecimento, o submarino foi encontrado em uma região de cânions (espécie de rios submarinos), a 907 metros de profundidade, e a 600 km da cidade de Comodoro Rivadavia, onde se tinha montado o centro de operações durante a busca.

Uma explosão submarina foi registrada no local três horas depois da última comunicação com o submarino, quando o capitão da embarcação reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de água pelo snorkel.

Após especulações sobre a situação do submarino e sobre sua capacidade de renovar o oxigênio a bordo, essa tese da explosão passou a ser uma pista para a causa do acidente. Ela explicaria a ausência da ativação da baliza de emergência e a interrupção completa das comunicações do submarino.

Alguns tripulantes comentaram que a embarcação tinha sido seguida por navios ingleses. Alguns familiares pensam que poderiam ter passado pela zona de exclusão das Ilhas Malvinas (Falklands), cuja soberania motivou um conflito entre Argentina e Reino Unido em 1982. A derrota do país sul-americano acabou sendo um dos fatores que apressou o fim da ditadura.

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