Quinta-feira, 03 de outubro de 2024

Geração “nem-nem”: quantos jovens não estudam e nem trabalham no Brasil? E nos países ricos? Entenda

Os jovens entre 25 e 34 anos que não trabalham nem estudam — os chamados “nem-nem” — são quase 1 em cada 4 (24%) no País, conforme o estudo Education at a Glance 2024, divulgado na terça-feira (10), pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de países desenvolvidos economicamente do qual o Brasil não faz parte. Esse número caiu 5,4 pontos percentuais em sete anos (era de 29,4% em 2016), mas ainda é considerado alto pelos especialistas.

O número da entidade internacional é pior do que o divulgado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) da Educação, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado e correspondente a 2022, de 20% (9,6 milhões de jovens). A PNAD avalia uma faixa etária diferente: dos 15 aos 29 anos.

Na pesquisa do IBGE, quando perguntados sobre o principal motivo de terem abandonado a escola, os jovens apontam a necessidade de trabalhar como fator prioritário (40,2%), ainda que nem sempre consigam emprego. A gravidez (22,4%) e a demanda de tarefas domésticas ou cuidar de outras pessoas (10,3%) também aparecem como motivos, sobretudo para mulheres.

A taxa de jovens brasileiros “nem-nem” é ainda bastante superior à média dos países da OCDE, que tinha 13,8% dos jovens nessa categoria no ano passado, dois pontos percentuais a menos que sete anos antes. Na última década, a oferta e a qualidade de emprego no Brasil foi afetada pela crise econômica 2015-2016 e pela pandemia, a partir de 2020.

Entre as principais saídas para reduzir a proporção de jovens nem-nem, estão a melhoria da qualidade do ensino básico, o que permitiria um salto de aprendizagem. O Brasil aparece entre os últimos colocados do Pisa, principal avaliação internacional da educação.

Países desenvolvidos investem fortemente para que os alunos cursem o ensino profissional junto com o médio. No Brasil, só 10% dos alunos cursam o técnico, quando a taxa é de 68% na Finlândia e de 49% na Alemanha.

“A difícil situação do mercado de trabalho enfrentada pelos trabalhadores sem qualificação secundária superior se reflete nas taxas de emprego entre os jovens”, aponta o levantamento da OCDE. Isso porque 64% das pessoas entre 25 e 34 anos sem ensino médio no Brasil estão empregadas, ante 75% dos jovens que têm ensino médio ou superior. O número é semelhante aos países da organização internacional, cujas taxas são de 61% e 79%, respectivamente.

Mesmo assim, trabalhadores sem qualificação de ensino médio ou superior recebem salários significativamente mais baixos do que aqueles que possuem diploma, mostra o estudo. No Brasil, essa realidade é ainda mais discrepante do que nos países desenvolvidos.

No Brasil, 59% das pessoas de 25 a 64 anos de idade com nível de escolaridade inferior ao ensino médio ganham metade ou menos da renda mediana, em comparação com 37% dos trabalhadores com ensino médio ou superior não terciário e 19% com nível superior terciário. Enquanto isso, entre as nações desenvolvidas OCDE as médias são de 28%, 17% e 10%, respectivamente.

Desigualdade de gênero

O estudo mostrou também desigualdade de empregabilidade entre mulheres e homens. Apesar de as mulheres terem melhores resultados educacionais em quase todos os parâmetros avaliados, elas têm menos probabilidade de estar empregadas que os homens.

“Embora as meninas e as mulheres tenham um desempenho claramente superior ao dos meninos e dos homens na educação, o quadro se inverte quando elas entram no mercado de trabalho; as principais medidas dos resultados do mercado de trabalho são, em geral, piores para as mulheres do que para os homens”, afirma a OCDE no documento.

Em todos os países membros da OCDE, as mulheres com idade entre 25 e 34 anos têm probabilidade maior ou igual do que seus pares do sexo masculino de ter uma qualificação de nível superior. No Brasil, a taxa de conclusão do ensino superior é de 28% para as mulheres e 20% para os homens.

No entanto, essa mesma faixa etária feminina tem menor probabilidade de estar empregada do que a masculina, com uma diferença ainda maior para aquelas com nível de escolaridade abaixo do ensino médio e menor para aquelas com nível superior.

No Brasil, apenas 44% das mulheres jovens com nível educacional abaixo do ensino médio completo estão empregadas, enquanto a proporção correspondente para homens jovens é de 80%. Já entre os jovens com nível superior com emprego, a taxa é de 85% para as mulheres e 92% para os homens. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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