Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Governo de Israel aprova construção de 3 mil casas para colonos judeus na Cisjordânia ocupada

O governo de Israel avançou em seu plano para construir aproximadamente 3 mil casas para colonos do país na Cisjordânia ocupada. A medida tem sido alvo de fortes críticas de diversos países à expansão dos assentamentos judeus em territórios palestinos no Oriente Médio.

Segundo fontes ligadas ao primeiro ministro Naftali Bennett, empossado em junho, uma equipe de planejamento do gabinete que supervisiona questões civis da política externa de Israel nos territórios palestinos concedeu a aprovação final para projetos de construção de 1.800 casas. Também aprovou preliminarmente que outras 1.344 unidades sejam erguidas.

De acordo com um alto funcionário palestino consultado por agências internacionais de notícias que a decisão mostrou um aspecto do novo governo de Tel-Aviv: “A nova gestão não é menos extrema que a anterior”, do premiê Benjamin Netanyahu.

Agora caberá ao ministro da Defesa Benny Gantz, um centrista no governo politicamente diverso de Israel, dar o aval para a emissão de licenças de construção, com mais fricções com Washington sendo esperadas.

Críticas internacionais

Nesta quinta-feira (28), ao menos 12 países europeus pediram que Israel desista do projeto. Os Estados Unidos também questiona a medida.

“Pedimos ao governo israelense, de forma imediata, que recue em sua decisão”, disseram os porta-vozes dos Ministérios das Relações Exteriores de Alemanha, França, Bélgica, Espanha, Itália, Polônia, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Holanda e Irlanda, em um comunicado comum.

Nesta semana, representes do presidente norte-americano Joe Biden disseram que estavam “profundamente preocupados” com os planos de Israel para construir milhares de unidades para colonos.

A Casa Branca classificou tal medida como prejudicial para as perspectivas de solução para o conflito israelense-palestino e disse que se opõe fortemente à expansão dos assentamentos.

Washington deixou de lado essas críticas quando Donald Trump comandava a Casa Branca. Os últimos projetos constituem o primeiro grande teste da política do governo Biden em relação a Israel e às colônias na Cisjordânia, consideradas ilegais pelas leis internacionais.

“Estamos profundamente preocupados com o projeto do governo israelense”, declarou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price. “Nos opomos firmemente à ampliação das colônias, que é totalmente contrária aos esforços de reduzir as tensões e garantir a calma, e afeta as perspectivas de uma solução de dois Estados.”

Em um comunicado, a Presidência da Autoridade Nacional Palestina (ANP) condenou a aprovação por parte de Israel dessas novas habitações, que ameaçam a paz na região, e pediu que os Estados Unidos se opusessem a “medidas unilaterais”.

A ONG israelense Paz Agora, que se opõe à política de ampliação dos assentamentos israelenses, condenou esses novos projetos nas colônias. “O governo israelense traiu seus compromissos de manter o status-quo ao avançar com projetos de destruição e impulsionar a colonização”, afirmou a entidade em nota.

Tensões regionais

Cerca de 475 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia, um território militarmente ocupado que também é lar de 2,8 milhões de palestinos. A colonização israelense, ilegal pelos parâmetros do direito internacional, é mantida por todos os governos israelenses desde 1967.

Nos últimos anos, as construções foram aceleradas sob impulso de Netanyahu. O atual premier é de ultradireita, mas seu Gabinete reúne desde a direita radical até partidos de esquerda e uma sigla árabe.

Os anúncios de avanços na ampliação dos assentamentos na Cisjordânia também acontecem no momento em que o governo israelense vem adotando medidas paralelas para melhorar a vida cotidiana dos palestinos, mas sem abordar o delicado assunto da retomada do processo de paz.

Além disso, a coalizão de Bennett deve conseguir aprovar no Parlamento, até meados de novembro, um Orçamento de Estado. Caso não seja bem sucedida na tentativa, isso levará à convocação de novas eleições.

De acordo com as pesquisas mais recentes, um novo pleito poderia resultar na diminuição de cadeiras dos partidos de direita que integram a coalizão, em especial o do primeiro-ministro.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Tensão na Ásia: presidente de Taiwan confirma presença de militares dos EUA no país e China reage
Ministério da Economia estuda possibilidade de anistiar dívidas do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play