Quinta-feira, 28 de março de 2024

Melatonina: entenda as orientações médicas para uso do hormônio do sono

A melatonina é um hormônio indicado para tratar distúrbios do sono, agora liberada para venda como suplemento alimentar – sem prescrição médica. A decisão foi tomada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro, mas a expectativa do setor é de que a venda do produto como suplemento em farmácias comece em dezembro. Especialistas, porém, recomendam sempre buscar orientação profissional e veem riscos se houver consumo excessivo.

O uso terapêutico do chamado “hormônio do sono” já existia no Brasil mediante receita médica, com venda restrita a farmácias de manipulação. Agora liberada como suplemento e sem receita, a dosagem recomendada é de de 0,21 mg por dia e para pessoas com 19 anos ou mais, exceto nos casos contraindicados (gestantes, lactantes e crianças). Segundo a Anvisa, a dosagem é considerada segura por ser próxima à quantidade encontrada em alimentos.

Em países como os Estados Unidos e Alemanha, a melatonina é vendida como suplemento alimentar em doses maiores, que variam de 0,3 mg a 5 mg. No Brasil, a aprovação das dosagens mais altas não aconteceu porque a Anvisa considerou que foram apresentados poucos estudos que explorassem o uso mais prolongado da substância como suplemento alimentar em níveis maiores de concentração.

Mas pesquisadores alertam que mesmo uma dosagem considerada baixa pode causar consequências e defendem a busca pela prescrição. “A melatonina é um hormônio, não suplemento alimentar. Por isso deve ser vista com cuidado para não causar alterações metabólicas”, diz Bruno Halpern, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

O Conselho Federal de Farmácia considerou a dosagem aprovada pela Anvisa como segura, mas também defende ajuda especializada. “A orientação é que seja feita por indicação de profissional habilitado: médico, farmacêutico e nutricionista”, diz Priscila Dejuste, representante da entidade e farmacêutica especializada na área de suplementos alimentares.

As consequências do uso indevido podem variar desde fadiga e sono durante o dia até alterações nas funções hepáticas e nos níveis de glicose e insulina. Da mesma forma, segundo o CFF, o déficit da substância também pode causar alterações que levam a diabetes, hipertensão e obesidade. O ideal é que os níveis de melatonina estejam equilibrados.

Uso pela manhã não é recomendado

A empresária Ana Paula Montanha, de 47 anos, mora nos Estados Unidos. Vice-presidente de uma multinacional, ela toma melatonina diariamente antes de dormir. “Por trabalhar em uma multinacional, lido com fusos diferentes durante reuniões e tinha muita dificuldade para dormir por conta disso”, conta ela, que comprou o produto como suplemento alimentar.

Professor de Fisiologia e Biofísica da USP, José Cipolla, também alerta que um dos usos indevidos comuns da substância é ela ser usada pela manhã, horário em que o hormônio não é naturalmente produzido pelo corpo. Isso pode levar a uma “confusão” interna. “A melatonina é produzida quando estamos em ambientes noturnos, sem luz, e por isso deve ser utilizada sempre à noite”, afirma.

Nos suplementos vendidos nos Estados Unidos, por exemplo, as recomendações de uso noturno da melatonina são colocadas na embalagem. Segundo Cipolla, essas recomendações também precisam estar presentes nos produtos brasileiros. Ele teme que, com o uso irrestrito, haja desinformação. Na internet, por exemplo, há quem recomende melatonina para o emagrecimento, mas não existe nenhuma evidência científica desse efeito.

Em nota, o Sindicato das Indústrias Farmacêuticas afirma que ainda não é possível medir o impacto na indústria farmacêutica. “Poucas indústrias estão atuando no mercado com esse produto”, afirma.

Apesar do interesse e do início da produção do suplemento por parte de algumas empresas, a substância ainda não começou a ser comercializada. A perspectiva da indústria é que os primeiros produtos cheguem às farmácias no mês que vem.

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