Quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 5 de abril de 2024
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, negou que tenha um candidato a sucessor para assumir a autoridade monetária em 2025. Campos Neto disse, ainda, que fará a transição tranquilamente independente do candidato.
“Eu não tenho nenhum candidato a sucessor. Vou fazer a transição tranquilamente independente do candidato.”
Campos Neto esteve, nesta sexta-feira (5), em evento na Casa Lide, na Avenida Faria Lima, em painel com a presença do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, do presidente da Febraban, Isaac Sidney, e de outras lideranças empresariais.
O atual presidente do BC fica até 31 de dezembro no cargo e defendeu, nesta semana, que a sabatina de seu sucessor aconteça ainda neste ano. Um dos objetivos seria facilitar a transição.
Campos Neto também negou com veemência a notícia de que ele tem planos de abrir uma fintech em Miami após deixar o Banco Central.
“Não tenho nenhum pensamento em fazer fintech em Miami. Isso nunca passou pela minha cabeça”, assegurou o presidente do BC.
PIB
Ele disse, durante o encontro que os economistas erram há três anos as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Não sei porque alguém acredita no que a gente fala”, disse Campos Neto, ao avaliar a sucessão de equívocos.
Ao fazer a crítica, o presidente do BC respondia a uma questão sobre o papel das inovações financeiras no crescimento do PIB potencial do Brasil. PIB potencial é aquele em que existe crescimento, com a plena utilização dos recursos existentes na economia, mas sem que haja pressão inflacionária.
“A gente não tem estudo que correlacione o custo de intermediação financeira com o crescimento de PIB potencial”, afirmou Campos Neto. “Mas a gente sabe que uma coisa está ligada a outra. E tem essa conversa sobre se o PIB potencial aumentou.”
A seguir, ele observou: “Na verdade, a gente, os economistas vêm errando quase tudo de PIB há três anos, não sei porque alguém acredita no que a gente fala. Mas o fato é, dado que você está errando a três anos, tem de se perguntar: existe algum componente estrutural no meu erro?”.
Para Campos Neto, não há estudos definitivos sobre o tema, mas “alguns elementos dizem que sim”, ou seja, que é possível que o PIB potencial tenha avançado no Brasil, o que depende da melhora de fatores como o aumento da produtividade, principalmente.
Indícios desse movimento ascendente do potencial do produto estariam embutidos, por exemplo, em dados sobre a velocidade de fechamento e abertura de empresas no país. No caso das aberturas, observou o presidente do BC, houve grande melhora.
“Ela foi de quatro, cinco meses, e chegou a ser de seis meses em média, para uma coisa de menos de uma semana”, disse. “Em alguns casos, dois ou três dias.” Outro elemento que poderia colaborar para a estrutura econômica do país, acrescentou Campos Neto, seria a flexibilização na contratação e demissão da força de trabalho, a partir da reforma trabalhista.
Há divergências sobre o tamanho do PIB potencial no Brasil. Alguns especialistas o colocam entre 1,5% e 1,9% ao ano. O governo trabalha com um índice mais alto, superior a 2%.