Quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 27 de maio de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá em Brasília com 11 dos 12 presidentes sul-americanos, em uma espécie de “retiro” para debater a integração regional, fragilizada com a paralisia da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Lula quer ressuscitar um mecanismo de coordenação que envolva todos os países, apesar das divergências de políticas flagrantes entre os governantes do continente.
O governo brasileiro confirmou a presença dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández, da Bolívia, Luis Arce, do Chile, Gabriel Boric, da Colômbia, Gustavo Petro, do Equador, Guillermo Lasso, da Guiana, Irfaan Ali, do Paraguai, Mario Abdo Benítez, do Suriname, Chan Santokhi, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e da Venezuela, Nicolás Maduro.
Reunião
Maduro deverá se reunir em privado com Lula pela primeira vez desde que o brasileiro voltou ao poder em Brasília. O encontro é uma das reuniões bilaterais negociadas pelos presidentes convidados com o Palácio do Planalto.
Se Maduro não desmarcar a viagem de última hora, ele deve chegar a Brasília na segunda-feira. A reunião bilateral deixou de ocorrer duas vezes em janeiro, porque o chavista cancelou a presença na posse de Lula e a participação da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Buenos Aires.
O presidente da Venezuela não decolou de Caracas por dificuldades logísticas e de segurança, relacionadas a sanções a seu regime. Com a posse de Lula, o Brasil restabeleceu relações diplomáticas com a Venezuela e reabriu a embaixada em Caracas. Os dois governos já enviaram missões diplomáticas um ao outro.
A presidente do Peru, Dina Boluarte, é a única ausência entre os líderes da América do Sul. Ela enviará como representante o presidente do conselho de ministros do Peru, Alberto Otárola, que veio a Brasília na posse de Lula, em 1º de janeiro.
Desmonte
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Boluarte tem restrições constitucionais para deixar o país, e não obteve aval do Congresso peruano. Ela era vice-presidente e assumiu o país após a queda do presidente Pedro Castillo, no ano passado.
A última cúpula da Unasul foi realizada em 2014, em Quito, no Equador. Com a saída de uma série de países, somente sete atualmente fazem parte da aliança: Brasil e Argentina, recentemente reintegrados, além dos cinco que jamais saíram, Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname e Peru.
A sede da Unasul já não funciona mais no prédio em que havia se instalado, em Quito. Somente alguns arquivos permanecem guardados na Argentina, segundo a chancelaria brasileira.
Diálogo
O formato do encontro proposto pelo Brasil será bastante restrito. Apenas os presidentes, acompanhados dos respectivos chanceleres e mais dois assessores, dialogarão em duas sessões fechadas. A sede dos encontros será o Palácio Itamaraty.
A primeira reunião, com tema livre, tem prevista um discurso inaugural de cada um dos presentes. Haverá um almoço entre eles, seguido de mais uma reunião para dar seguimento às discussões. Ao fim, Lula oferecerá um jantar no Palácio da Alvorada, sua residência oficial.
Ainda não é certo que haja uma declaração oficial ao fim, o que vai depender dos entendimentos entre os presidentes. Eles vão debater que tipo de modelo de integração desejam, o que pode ser a recriação da Unasul, discussões sobre o efêmero Prosul, outro foro regional, e ainda um novo formato de diálogo permanente para a integração regional.
A Unasul é herança da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), imaginada no governo de Itamar Franco. A criação foi um reflexo da assinatura do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta), quando o México foi absorvido pela influência de EUA e Canadá. Na ocasião, o objetivo brasileiro era apostar em uma integração regional menos ambiciosa, focada na América do Sul.