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Por Redação Rádio Pampa | 21 de abril de 2022
A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma recomendação de uso do antiviral Paxlovid da Pfizer contra a covid. A indicação de uso é para pacientes com casos leves a moderados, mas com maior chance de internação hospitalar — como não vacinados, idosos e imunossuprimidos. O remédio é a “melhor opção terapêutica para pacientes de alto risco até o momento”, afirmou a entidade em um comunicado para a imprensa.
A recomendação da OMS é baseada em novos dados de dois ensaios clínicos randomizados envolvendo 3.078 pacientes. Os resultados mostram que o risco de hospitalização é reduzido em 85% após o tratamento com o Paxlovid. Em um grupo de alto risco (mais de 10% de chance de hospitalização), isso significa 84 hospitalizações a menos por 1 mil pacientes.
A entidade não recomenda o uso do Paxlovid em pacientes com baixo risco, pois “os benefícios foram considerados insignificantes”.
No Brasil, o Paxlovid recebeu da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) um parecer favorável para sua incorporação ao SUS.
No entanto, a OMS está preocupada com o acesso dos países de baixa renda ao medicamento. Isso porque o remédio só pode ser usado enquanto o paciente estiver nos primeiros dias de infecção pela covid. Para isso, é preciso fazer testes rápidos e precisos, afim de garantir os bons resultados da pílula.
Dados da FIND, uma aliança global pelo diagnóstico de doenças, mostram que a taxa média diária de testes de covid em países de baixa renda é cerca de um oitavo (aproximadamente 12,5%) dos exames feitos em países de renda alta.
Além disso, a entidade considera que a Pfizer não está sendo transparente quanto à disponibilidade das pílulas, nem em relação aos valores pagos nos acordos de compra e venda. Segundo o órgão, essas barreiras estão “transformando esse medicamento que salva vidas em um grande desafio para países de baixa e média renda”.
“A OMS está extremamente preocupada que – como ocorreu com as vacinas COVID-19 – os países de baixa e média renda sejam novamente empurrados para o final da fila quando se trata de acessar esse tratamento”, disse a entidade no comunicado.
Segundo a OMS, a falta de transparência por parte da empresa originadora está dificultando que as organizações de saúde pública obtenham uma imagem precisa da disponibilidade do medicamento, quais países estão envolvidos em acordos bilaterais e quanto estão pagando. Além disso, um acordo de licenciamento feito pela Pfizer com o Medicines Patent Pool limita o número de países que podem se beneficiar da produção genérica do medicamento.
O produto original, vendido sob o nome Paxlovid, será incluído na lista de pré-qualificação da OMS nesta sexta (22), mas os produtos genéricos ainda não têm o selo de garantia de qualidade. Várias empresas de genéricos (muitas das quais são abrangidas pelo acordo de licenciamento entre o Medicines Patent Pool e a Pfizer) estão em discussão com a Pré-qualificação da OMS, mas podem levar algum tempo para cumprir os padrões internacionais para que possam fornecer o medicamento internacionalmente.
“A OMS, portanto, recomenda fortemente que a Pfizer torne seus preços e negócios mais transparentes e que amplie o escopo geográfico de sua licença com o Pool de Patentes de Medicamentos para que mais fabricantes de genéricos possam começar a produzir o medicamento e disponibilizá-lo mais rapidamente a preços acessíveis”, disse o órgão.
Outros remédios
Juntamente com a forte recomendação para o uso de nirmatrelvir e ritonavir, a OMS também atualizou sua recomendação sobre o remdesivir, outro medicamento antiviral.
Anteriormente, a OMS havia sido contra seu uso em todos os pacientes com covid, independentemente da gravidade da doença, devido à totalidade das evidências que, naquele momento, mostravam pouco ou nenhum efeito sobre a mortalidade. Após a publicação de novos dados de um ensaio clínico que analisa o resultado da admissão de pacientes em hospitais, a OMS atualizou sua recomendação. A entidade agora sugere o uso de remdesivir em pacientes com covid leve ou moderada que correm alto risco de hospitalização.