Quinta-feira, 27 de março de 2025

Para presidente do Bradesco, cenário é muito desafiador a partir de 2023 e exige time “engajado”, a par não só dos principais problemas do País, como o controle do da inflação e o equilíbrio do fiscal com o social

O governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode usar o “fator tempo” para escolher bem a sua futura equipe econômica, mas tem de estar ciente de que não há espaço para “testes ou experimentos”, na opinião do presidente do Bradesco, Octavio de Lazari. O cenário a partir de 2023, alerta, é “extremamente desafiador” e exige um time “engajado”, a par não só dos principais problemas do País, como o controle da inflação e o equilíbrio do fiscal com o social, mas, principalmente, dos caminhos para resolvê-los.

“O grande desafio desse governo é equilibrar o social com o fiscal, dando sinais claros de que vai continuar, de alguma forma, apoiando as pessoas mais carentes, mas, por outro lado, vai propiciar uma atratividade maior para investimentos das outras partes do mundo”, disse o banqueiro, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, durante evento do banco, em Nova York. Essa é também a grande preocupação dos investidores estrangeiros, ansiosos pelos sinais que virão do novo governo, segundo ele.

Apesar da fervura da sociedade brasileira, com manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), insatisfeitos com o resultado das eleições, inclusive com perseguições de ministros da Suprema Corte em Nova York, Lazari afirmou que não vê “nenhum risco” para a democracia no Brasil e que ela, tão jovem conseguiu sair fortalecida das eleições.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista.

1. Quais são as suas expectativas para o novo governo, considerando o cenário macroeconômico e o ambiente político? Passamos por uma eleição bem dividida, mas o Brasil tem uma democracia jovem, pujante e que se estabeleceu, escolheu nas urnas o novo governo, que assume em 1º de janeiro. O País tem um desafio grande com relação à inflação, que ainda não está totalmente controlada. A inflação é uma variável extremamente ruim para a população brasileira, principalmente para as pessoas menos favorecidas, já que corrói o poder de consumo. Controlando a inflação, a expectativa é que a gente tenha uma redução de taxas de juros, o que seria muito importante para o País para entrar numa rota de crescimento. Obviamente, vamos ter de esperar um pouco para ver os sinais do novo governo, a composição da equipe econômica, mas, apesar de que esse novo governo que assume vai pegar um cenário extremamente desafiador, por outro lado, tem oportunidades muito importantes.

2. Quais? Saímos na frente do mundo para tentar debelar a inflação e, consequentemente, começar a trabalhar a redução da taxa de juros, então, dado esse cenário, a expectativa de todos os agentes econômicos é que o Brasil possa ter uma rota de crescimento melhor. O grande desafio desse governo é equilibrar o social com o fiscal, dando sinais claros de que vai continuar, de alguma forma, apoiando e ajudando as pessoas mais carentes, mais vulneráveis; mas, por outro lado, vai propiciar que tenha uma atratividade maior para investimentos das outras partes do mundo.

3. Há a preocupação do mercado com a situação fiscal e a urgência social no País e críticas à PEC da transição. Como o senhor vê essas discussões? O governo tem mapeado o tamanho dessa necessidade fiscal para continuar a fazer o pagamento do Auxílio Brasil ou seja lá o nome que for dado. Temos que encontrar quais são os caminhos dentro do arcabouço fiscal para poder dar esse auxílio. Tem de ser o mínimo indispensável para poder atender as famílias nesse primeiro momento e, a partir de então, ir equilibrando esse orçamento. Tem a reforma tributária que está na mesa e pode ser uma das alternativas para cobrir parte desse fiscal. Entendo que aumentar a carga tributária no Brasil não é a melhor alternativa porque já é muito alta.

4. Quando o senhor cita aumento de impostos, já é uma crítica antecipada a um possível aumento de tributação aos bancos como ocorreu em outros governos petistas? Não, estou falando de uma maneira geral. Não são os bancos isoladamente. Porque tivemos aumento da nossa carga tributária, mas o setor produtivo como um todo. Essa é a nossa grande preocupação para que não haja uma paralisação de investimentos. É possível ter a mesma carga tributária, mas ganhando em escala, ou seja, aumentando o bolo da receita por conta do faturamento das empresas.

5. O mercado também tem cobrado o anúncio da futura equipe econômica. Como deve ser esse perfil? O mais importante é ter técnicos competentes, seja do mundo político ou técnico, para formar essa equipe e os ministérios. Nesse primeiro momento, pode ter um ruído, mas está todo mundo engajado em uma situação melhor para o País, de uma condição para crescer. Partindo desse pressuposto e considerando que crescer e melhorar o País é bom para todos mundo, esses ajustes acabam acontecendo.

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