Sexta-feira, 29 de março de 2024

Pesquisa aponta que suicídios cometidos no Rio Grande do Sul abrangem faixa etária de 7 até 101 anos

Um levantamento realizado pela perita criminal Maria Cristina Franck, do Instituto-Geral de Perícias (IGP), aponta que os suicídios registrados no Rio Grande do Sul entre 2017 e 2019 tiveram como protagonistas pessoas de 7 a 101 anos. O total de ocorrências chegou a 4.107 no período, o que resulta na média de 11,8 para cada 100 mil habitantes a cada ano.

Além da idade, a pesquisa mapeou dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) referentes a gênero, raça, horário,região, dia da semana e até horário em que gaúchos e gaúchas tiraram a própria vida.

A maioria dos óbitos ocorridos dessa forma tiveram como segmentos predominantes o sexo masculino (79,8%), a raça branca (90,5%) e as faixas etárias de 55 a 59 anos (homens) e de 45 a 54 anos (mulheres). Se desconsiderado o sexo do suicida, os idosos (a partir de 60 anos) predominam, com 26,2 mortes por 100 mil habitantes/ano.

Por região

As áreas do Estado que apresentaram as médias mais elevadas de mortes autoinduzidas foram as regiões do Vale do Rio Pardo (21,6 para cada 100 mil) e Médio Alto Uruguai (19,5). Na análise por município, Venâncio Aires lidera a estatística (99,2).

Motivação

A depressão é a causa atribuída com maior freqüência aos suicídios no Rio Grande do Sul ao longo dos três anos pesquisados, figurando em 26% das ocorrências policiais. Em seguida aparecem problemas de relacionamento (7,2%) e de saúde (6%).

Outra razão mencionada é a ausência parental (falta de registro do nome do pai na certidão de nascimento), que aparece em 6% dos casos. Conforme a perita do IGP, ocorrências desse tipo foram frequentemente associadas às vítimas na faixa etária de 15 a 29 anos.

Antecedentes

O estudo também levou em conta se o cidadão possuía antecedentes criminais, seja como indiciado, acusado, autor, infrator, suspeito ou foragido. Essa condição aparece em 40,7% dos casos de 2017 a 2019.

Dentre as vítimas com antecedentes criminais, observou-se um aumento de 2,7 vezes na chance de haver ausência parental comparando-se à presença de ambos os genitores na certidão de nascimento.

Publicação

Objeto de uma tese em fase de produção para um Doutorado de Maria Cristina Franck na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a pesquisa foi publicada nas revistas científicas “Brazilian Journal of Forensic Sciences”, “Medical Law and Bioethic” e “Epidemiologia e Serviços de Saúde”.

A autora ressalta: “O trabalho pericial pode auxiliar os serviços de saúde e assistência social na compreensão e enfrentamento do fenômeno com dados locais, atuais e correlações”.

Ainda segundo ela, o próximo passo é a publicação de um estudo toxicológico abrangendo todos os suicídios do período abrangido, com base nos laudos que analisam a presença de álcool, drogas e medicamentos na urina e no sangue dos indivíduos que se mataram.

Atendimento

O IGP também atua na prevenção dos casos de suicídio. Um dos serviços disponíveis é o atendimento psicossocial, realizado na sede do Departamento Médico-Legal (DML), em Porto Alegre. Uma equipe formada por assistentes sociais e psicólogos atende os que passam por perícia na clínica médica do órgão.

“Quando detectamos essa tendência, fazemos o acolhimento e fornecemos orientações, pensando junto com o indivíduo nas melhores possibilidades para cada caso”, explica coordenadora do Serviço de Atenção Psicossocial, Angelita Rios.

Ele é então encaminhado para uma rede de proteção formada pelos órgãos que dão suporte à luta contra a violência. Isso inclui clínicas de atendimento psicoterápico, postos de saúde, organizações não governamentais e universidades.

Outra contribuição do Instituto na formulação de políticas públicas que previnam o suicídio foi a participação em uma cartilha destinada aos profissionais de saúde e segurança pública que lidam com o tema. Dentre as dicas estão agir com segurança e cautela, criar clima de confiança com a pessoa em crise e procurar ganhar tempo.

(Marcello Campos)

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