Quinta-feira, 18 de abril de 2024

Políticos causam “desprestígio” do Supremo, diz o presidente do tribunal

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, afirmou que a Corte sofre com “profundo desprestígio” por que precisa resolver problemas  que ficam pendentes na arena política.

A leitura do ministro é que ao decidir sobre temas importantes em uma sociedade polarizada, o STF acaba com a pecha de que “se mete” em muitas questões.

“O Supremo Tribunal Federal hoje sofre com um profundo desprestígio exatamente porque os players da arena política não resolvem seus problemas e jogam para o Supremo resolver. A sociedade está dividida em relação àqueles valores morais ou àquelas razões públicas. O Supremo decide e acaba desagradando”, afirmou Fux durante a abertura das Jornadas Brasileiras de Direito Processual.

Fux dizia que tem aderido à doutrina constitucionalista mais moderna, que entende como grande virtude das Cortes constitucionais a “virtude passiva de decidir não decidir”. Para ele, o Supremo leva uma fama indevida sobretudo por parte de quem desconhece as normas de Direito Processual.

“Quando se fala em judicialização da política e das questões sociais, não existe a jurisdição, a função não se exerce sem que ele seja provocado. O Supremo não se mete em nada. O Supremo é provocado e tem de dar uma resposta”, declarou.

Boa parte da crise institucional entre os Poderes de seu pela deterioração das relações entre o STF e o Executivo, já que o presidente Jair Bolsonaro chegou, inclusive, a entregar um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. O processo não foi aceito pelo presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O Supremo também tem sido alvo com mais frequência de simpatizantes do presidente. O ápice dessas manifestações ocorreu durante o Sete de Setembro, quando apoiadores foram às ruas e pediram o impeachment dos ministros, inflamados por um discurso duro de Bolsonaro contra a Corte, no qual chegou a chamar Moraes de canalha.

Avaliação estável

Diante da repercussão negativa, Bolsonaro recuou e divulgou uma “declaração à Nação”, carta elaborada com a ajuda do ex-presidente Michel Temer.

Apesar da onda de ataques do presidente e de parte de seus apoiadores, a avaliação do STF, segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha no último sábado (25), indica que 25% dos entrevistados aprovam a atuação dos ministros do Supremo, enquanto 35% reprovaram e outros 35% a consideraram regular.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Tribunal Superior de Justiça quer julgar, em até um mês, ação sobre disparos ilegais de mensagens em massa pelo WhatsApp
No relatório final da CPI da Covid, Renan Calheiros deve incluir a Empresa Brasil de Comunicação como disseminadora de fake news
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play