Sábado, 27 de abril de 2024

No relatório final da CPI da Covid, Renan Calheiros deve incluir a Empresa Brasil de Comunicação como disseminadora de fake news

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), pretende incluir a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) em seu parecer final com base em um dossiê que aponta que emissoras de rádio e TV do conglomerado estatal foram usadas pelo governo Jair Bolsonaro para a difusão de fake news e narrativas negacionistas durante a pandemia da covid-19. De acordo com auxiliares que acompanham a elaboração do relatório, a EBC deve ser citada em trecho que trata de “desinformação institucional”.

O dossiê, preparado por entidades representativas dos trabalhadores e a Frente em Defesa da EBC e da Comunicação pública, foi entregue aos senadores em agosto. Nas 119 páginas, o texto relata pressão interna para que os jornalistas não publicassem reportagens que contrariassem a opinião do presidente da República.

Segundo o relatório em posse da CPI, a EBC foi impedida de publicar nas redes socais em janeiro a vacinação da enfermeira Mônica Calazans, a primeira pessoa a receber a imunização com a Coronavac, importada pelo Instituto Butantan e vista como uma iniciativa do governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

As mídias sociais da EBC também teriam sido proibidas de publicar assuntos supostamente negativos para a gestão atual. De acordo com os relatos, no ano passado, o termo “segunda onda” chegou a ser banido por um período, quando cientistas já alertavam para a ocorrência de uma nova fase de contaminação, que de fato ocorreu.

Por outro lado, houve a orientação para que os noticiários destacassem o “placar da vida”, criado pela Secretaria Especial de Comunicação para confrontar o número de mortos com o de pessoas recuperadas.

O material cita ainda censura em diversas situações, como críticas do governador Doria sobre o boicote do governo Bolsonaro à Coronavac e à divulgação de estudo que atestava a falta de eficácia do uso da cloroquina para o tratamento da covid.

“Censura até das próprias declarações do presidente Jair Bolsonaro, numa lógica de proteger o presidente dele mesmo. Um exemplo foi o ‘e daí?’ ao se referir aos primeiros 5 mil mortos pela covid-19”, destaca trecho do documento.

O relatório também informa perseguição a profissionais que confrontam a orientação da chefia.

Senadores também tiveram acesso a imagens de conversas compartilhadas por funcionários da EBC nos quais recebem ordens de superiores pedindo “cuidado” na cobertura da CPI da Covid.

Na área que trata das fake news, a equipe do relator Renan Calheiros também trabalha há meses na identificação e responsabilização de aliados do presidente Jair Bolsonaro que teriam disseminado notícias falsas na pandemia, como o desestímulo ao uso de máscara e o incentivo ao tratamento com medicamentos ineficazes, como a cloroquina.

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