Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 8 de outubro de 2023
As eleições municipais de 2024 podem testar a força política de 20 dos 26 prefeitos de capitais brasileiras. Nas dez mais populosas, são nove aptos a tentar novo período à frente do Executivo local, e há divisão entre os que pretendem e os que dispensam contar com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele venceu o segundo turno de 2022 na metade dessas dez.
Em Porto Alegre, o campo político de Lula não definiu quem encabeçará uma chapa de oposição a Sebastião Melo (MDB), mas busca-se formar uma unidade. Também no Sul, Curitiba, no Paraná, é a única entre as dez cidades mais populosas em que o prefeito, Rafael Greca (PSD), está em segundo mandato. Em 2020, a estratégia do PT foi lançar o máximo de nomes próprios. Foram 21 postulantes nas capitais e, pela primeira vez desde a redemocratização, nenhum foi eleito.
As duas cidades mais populosas do país, São Paulo e Rio de Janeiro, ilustram como partidos de centro e centro-direita – detentores do maior número de prefeituras – se separam entre estar ou não com Lula. Enquanto o paulistano Ricardo Nunes (MDB) busca aproximação com Jair Bolsonaro (PL) para enfrentar o lulista Guilherme Boulos (Psol), o carioca Eduardo Paes (PSD) tem o PT consigo e vê o bolsonarismo se articular para tentar enfrentá-lo, ao mesmo tempo em que acena à direita para neutralizar esse movimento.
Terceira maior capital, a cearense Fortaleza vive um capítulo agudo da rixa entre PT e PDT – e até entre os próprios pedetistas. O cenário local é agitado desde as eleições gerais do ano passado, quando as siglas entraram em colisão por causa das candidaturas de Lula e Ciro Gomes à Presidência. Tanto que, na esfera estadual, em vez de apoiar o PDT, os petistas colocaram em cima da hora o nome de Elmano de Freitas para o governo – e ele ganhou a eleição.
O racha no partido de Ciro envolve, inclusive, o irmão Cid Gomes, que está em lado oposto ao dele na disputa. O senador perdeu nesta semana o controle do diretório estadual para o deputado André Figueiredo, aliado do ex-presidenciável. Agora, enquanto o prefeito pedetista José Sarto deve ser candidato à reeleição, o PT cogita de novo lançar um postulante próprio. A mais cotada é a deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins.
Salvador
Em Salvador, na Bahia, o prefeito Bruno Reis (União) é considerado favoritíssimo. Mesmo no PT, sabe-se que é difícil derrotá-lo. Reis é aliado do ex-prefeito ACM Neto, herdeiro direto do carlismo. Apesar da força incontestável na Bahia, onde Lula teve 72% dos votos no segundo turno de 2022 e o partido elege governadores desde 2006, a capital tem se mantido nas mãos do grupo de Neto e despontado como uma trincheira intransponível para o PT, que nunca comandou o município.
Não é do interesse de Bruno Reis nacionalizar a campanha. A aliança do prefeito para o ano que vem tende a englobar siglas como PP, PDT, PSDB, Republicanos e o seu União Brasil – com exceção dos tucanos, todos têm assentos na Esplanada dos Ministérios. O PL de Bolsonaro também tem conversas avançadas para apoiar a reeleição.
Recife
Prefeito filiado ao PSB no Recife, o jovem João Campos mantém na capital a tradição do partido em terras pernambucanas, depois da derrota em nível estadual no ano passado. Apesar de a sigla e o PT alimentarem a disputa em período pré-eleitoral, há a possibilidade de o filho do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014) conseguir o apoio de Lula, com possível indicação de um vice petista. Na ruidosa campanha de 2020, as fissuras entre os partidos chegaram ao paroxismo, mas a vitória de Lula mudou a dinâmica. Além de Campos, a disputa recifense deve contar com um candidato bolsonarista e um aliado da governadora Raquel Lyra (PSDB).
Em outras duas grandes capitais, Manaus e Goiânia, os cenários divergem. Ainda há indefinição na cidade amazonense, onde David Almeida (Avante) é apto à reeleição, enquanto na capital de Goiás o PT alinha o nome da deputada federal Adriana Accorsi (PT) para bater de frente com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos). Por lá, Lula deve ter baixa capacidade de transferência de votos, já que Bolsonaro ficou com 61,3% no segundo turno de 2022.