Sábado, 04 de maio de 2024

Relatos de assédio sexual teriam sido abafados na Caixa

Funcionárias da Caixa ouvidas contam que as denúncias de assédio sexual vão além do ex-presidente do Caixa, Pedro Guimarães. Segundo o relato de duas testemunhas, que pediram para não ser identificadas, os casos de assédio sexual foram abafados pela instituição financeira e envolveram um vice-presidente, que está na mira do Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com o relato de duas servidoras da Caixa durante uma viagem a trabalho, um vice-presidente da Caixa sugeriu que uma funcionária trocasse de roupa e fosse para a piscina do hotel se encontrar com Pedro Guimarães.

Chegando lá, segundo uma testemunha, esse vice-presidente teria perguntado se a vítima gostaria de “entrar para o círculo de confiança” e teria dito ainda se ela quisesse transar com ele seria “tranquilo”, se ela “quisesse transar com o presidente seria tranquilo também” e “se quisesse subir agora para o quarto do presidente e transar com os dois, tudo bem”, “porque confiança é isso”.

Abalada com a situação, a vítima procurou a Vice-Presidência de Pessoas para ser orientada. Chorando, ela relatou o episódio e disse que não sabia o que fazer. Pouco tempo depois, o caso foi levado ao conhecimento do vice-presidente e de Pedro Guimarães, que teria oferecido um pedido de desculpas e uma promoção de cargo. Essa investida foi interpretada como uma forma de abafar o escândalo.

Outras funcionárias da Caixa, que dizem terem sido vítimas de Pedro Guimarães, discutiam desde o ano passado denunciar o caso para o Ministério Público Federal, mas tinham receio de sofrerem retaliação. Segundo elas, o presidente da Caixa fazia questão de demonstrar a sua influência no governo e junto ao presidente Jair Bolsonaro.

Após reunirem uma série de relatos, algumas mulheres resolveram levar as acusações de assédios sexuais do presidente da Caixa ao conhecimento Ministério Público Federal, abriu uma investigação para apurar o caso.

“Carnaval fora de época”

Na terça-feira (28), o portal Metrópoles revelou o caso e divulgou os depoimentos em vídeos das funcionárias que denunciaram Pedro Guimarães por assédio sexual.

De acordo com o Metrópoles, há diversas acusações de Guimarães agindo de forma inapropriada, com toques íntimos não autorizados, convites incompatíveis com a situação de trabalho e outras formas de assédio. Os relatos destes supostos abusos ocorreram, na maior parte das vezes, em viagens de trabalho da Caixa pelo Brasil.

Os vídeos publicados pelo Metrópoles destacam relatos de vítimas que dizem sob a condição de anonimato terem sido convidadas por Guimarães para irem à sauna ou piscina durante viagens a trabalho do banco.

Em um dos depoimentos ao portal, uma das funcionárias conta que Pedro Guimarães teria sugerido que em uma das viagens seguintes, para Porto Seguro, deveria ser feito um “carnaval fora de época”. A declaração aconteceu durante um jantar após os eventos na cidade sobre o programa Caixa Mais Brasil.

“Ninguém vai ser de ninguém. E vai ser com todo mundo nu”, teria dito o agora ex-presidente da Caixa, segundo o relato de uma testemunha divulgado pelo Metrópoles.

As declarações de Guimarães foram confirmadas pelo “Metrópoles” com outros integrantes da comitiva presentes no jantar.

Uma funcionária contou ao portal que o Guimarães teria se virado para ela e feito uma afirmação agressiva: “Ele me falou: ‘Vou te rasgar. Vai sangrar’”.

As denúncias divulgadas pelo Metrópoles também apontam que ex-presidente do banco “pegava” na cintura ou no pescoço de funcionárias sem consentimento. Segundo o site, ele chegava a pedir para as suas auxiliares levarem em seu quarto de hotel objetos que ele “precisava” e, ao menos uma vez, atendeu a uma delas de cueca, enquanto que, em outra, teria pedido para a mulher tomar um banho e voltar para seu quarto para “tratarem de sua carreira”.

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