Sábado, 04 de maio de 2024

A mentira, sozinha, faz estrago; e repetida mil vezes, vira verdade

A mentira, sozinha, faz estrago. E repetida mil vezes, vira verdade para milhares de pessoas, “ já de si tão mal atentas ”. Essa é a base da mentira política, das fake news e das teorias conspiratórias.

As mentiras, de sua vez, tanto sejam as mais disparatadas e inverossímeis, mas facilmente elas colam nos corações e mentes da legião de distraídos. Eles, os distraídos, não apenas acreditam, como se dão ao trabalho de disseminá-las aos quatro ventos. E não tente o leitor demovê-los, pois isto só os tornará mais encanzinados.

Ninguém tem o monopólio das mentiras, mas não se tire do bolsonarismo o esmero, a especialização, a capacidade de criar fatos e inventar notícias – são os campeões imbatíveis dessa modalidade espúria de fazer política.

Todos temos bem fresco na memória a cruzada de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas. Dia sim e outro também, houvesse um microfone à frente e alguém para ouvi-lo, e lá estava o presidente, do alto de sua autoridade, a desabonar as urnas, a dizê-las vulneráveis, inseguras, passíveis de toda espécie de fraude.

Era uma insensatez. De que modo eram inconfiáveis, se estavam em uso desde 1996 e – a rigor – até então ninguém reclamou? Tudo o que se tinha, quando muito, era um murmúrio aqui e acolá, uma queixa residual, uma crítica rara e infundada.

Em 20 anos, após eleger presidentes, senadores, governadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores, após apurar milhões de votos a cada dois anos, ninguém foi capaz de trazer um caso concreto de manipulação ou fraude.

Como acreditar na formidável conspiração, se ela, para ser verdadeira, precisaria envolver milhares – para cima de dois milhões – de funcionários da Justiça eleitoral, de secretários e mesários das mais de 400 mil seções eleitorais do país, fiscais dos partidos, técnicos de informática, os olhos atentos da mídia, sem que nenhum dos participantes da trama sinistra abrisse o bico e botasse a boca no trombone?

Ou seja, uma mentira, sequer uma mentira bem urdida, entretanto prosperou, ganhou adeptos, abalou a credibilidade do sistema, que era motivo de orgulho de todos nós brasileiros.

Logo se viu que se tratava de forjar uma narrativa, preparar o terreno para rejeitar o resultado das urnas, se elas favorecessem o adversário. Neguem o quanto puderem e o quanto quiserem, mas se tratava de um ato preparatório de golpe de estado.

O combate sem tréguas à qualidade das urnas era acompanhado de outras tantas ações, destinadas a inflamar os espíritos, polarizar nas redes sociais, nas motociatas Brasil afora, nas pregações de pastores fundamentalistas, nos acampamentos ao redor dos quartéis, nas críticas à imprensa, ao STF e TSE.

A reunião com os comandantes militares, depois da vitória de Lula, a avaliação da minuta golpista, a intentona de janeiro, a delação premiada do coronel Mauro Cid, deram contornos finais e definitivos ao quadro: o que estava em andamento era o golpe de Estado, a ruptura da ordem legal constitucional .Em cada um dos passos e das etapas da trama sinistra, lá estão , distintas e inconfundíveis, as digitais do chefe e líder, Bolsonaro.

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