Quinta-feira, 05 de dezembro de 2024

Acionistas minoritários iniciam movimento para suspender assembleia da Petrobras

Acionistas minoritários da Petrobras começaram a pressionar a estatal para tentar suspender a Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária marcada para o dia 13 de abril, segundo fontes do setor.

O movimento vem sendo liderado pelos fundos de investimento estrangeiros, que já sinalizaram à estatal e ao Institutional Shareholder Services (ISS), espécie de justiça eleitoral privada, que estão tendo problemas com as cédulas de votação por conterem nomes que já que foram descartados.

Na primeira versão dos indicadores pela União, havia o nome de Joaquim Silva e Luna, que foi demitido do cargo do presidente da estatal. Em seguida, foram adicionados Rodolfo Landim, como presidente do Conselho, e Adriano Pires, como conselheiro e presidente da estatal. Como os dois desistiram, uma nova versão está em andamento.

A preocupação dos fundos é que haja problemas na votação que será feita através do sistema de voto múltiplo no dia da assembleia, que será realizada de forma virtual. Nessa modalidade, os acionistas podem concentrar votos em um único candidato individualmente.

Segundo uma fonte, há grandes chances de a eleição dos conselheiros ser impugnada no dia 13. Para essa fonte, representante de um fundo, embora o governo possa indicar os nomes até o dia da assembleia, a avaliação é que esse troca-troca de indicados está deixando o processo muito instável. Até agora, as articulações ocorrem nos bastidores.

Impasse 

Até entre os conselheiros atuais da estatal esse vai-volta é visto com preocupação do ponto de vista da governança, pois o Comitê de Pessoas não chegou nem a finalizar oficialmente a avaliação de Landim e Adriano Pires. “Tudo são apenas indicações”, disse uma fonte do alto escalão da estatal.

Em entrevista, o advogado Leonardo Pietro Antonelli, que integrou o Conselho de Administração da Petrobras entre 2020 e 2021, 700 mil investidores sofrem com a instabilidade existente.

No ano passado, quando Roberto Castello Branco foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro por também reajustar os preços dos combustíveis, o fundo Aberdeen Standard Investments havia enviado uma carta ao Conselho de Administração da estatal alertando sobre os prejuízos da interferência do governo.

Segundo uma outra fonte do setor, a busca por um novo nome para Petrobras vem gerando dúvidas no próprio mercado. Após Décio Oddone ter recusado o convite para comandar a estatal, segundo Lauro Jardim em seu blog, um executivo disse que “para que alguém seja escolhido rapidamente deveria ser alguém já dentro da empresa, a exemplo de conselheiros que estão sendo reconduzidos”, disse. Mas um assessor do ministro da Economia Paulo Guedes também está cotado.

Internamente, a Petrobras mantém a data da assembleia.

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