Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de novembro de 2023
Dois meses após ser submetido a uma cirurgia para colocar uma prótese no encaixe entre o fêmur direito e o quadril e um procedimento de correção das pálpebras, Lula retoma as viagens oficiais internacionais. Quando sair de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, depois de ter participado da Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), a COP28, o petista seguirá para Berlim para se reunir com o chanceler Olaf Scholz. Do encontro podem sair acordos em energia e clima, saúde e desenvolvimento, pesquisa e agricultura.
Com previsão de chegar neste domingo (3) na Alemanha, Lula seguirá para Berlim para um jantar com Scholz. No dia seguinte, os dois terão audiências de trabalho com a possibilidade de assinaturas de acordos entre Brasil e Alemanha em diferentes áreas.
“Os dois países são parceiros em comércio e investimentos, sobretudo no setor industrial. Entre 2020 e 2023, o comércio alcançou quase US$ 16 bilhões. Mais de mil empresas alemãs atuam no Brasil”, explicou a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, embaixadora Maria Luisa Escorel de Moares.
Lula deve tratar sobre as negociações para mudanças de trechos do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, anunciado em 2019, mas ainda em fase de revisão.
Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai formam o bloco sul-americano. O acordo só entrará em vigor após a aprovação pelos parlamentos dos países dos dois blocos. Os europeus apresentaram novas exigências na área ambiental e o petista defende mudanças no trecho sobre licitações feitas pelos governos. O presidente deseja concluir essa revisão antes de encerrar o mandato rotativo à frente do Mercosul, no dia 7 de dezembro.
Durante a viagem, devem ser assinados, ainda, 21 memorados de entendimentos e declarações, sendo a maioria ligada a temas como mudanças climáticas, justiça social e energia.
“A visita do presidente Lula – já como presidente do G20 – é um sinal importante. Vamos aprofundar mais a nossa parceria e fortalecê-la por meio de uma série de acordos bilaterais. As áreas de energia e clima, saúde e desenvolvimento, cooperação para pesquisa e agricultura ocuparão o foco. Brasil e Alemanha têm sido parceiros estratégicos por anos, mas essa parceria precisava ser renovada. Trata-se do grande desafio global da mudança climática. Temos um interesse conjunto nisso. O motivo das consultas intergovernamentais é justamente a transformação social e ecológica”, afirma Bettina Cadenbach, primeira mulher a ocupar o cargo de embaixadora da Alemanha no Brasil.
O Brasil assumiu a presidência simbólica do Grupo dos Vinte (G20) em setembro, durante a Cúpula de Líderes do bloco, em Nova Délhi, na Índia. A presidência brasileira começa oficialmente no dia 1° de dezembro. O G20 é composto por 19 países (Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Coreia do Sul, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos) e dois organismos regionais: a União Europeia e a União Africana (a partir deste ano).
“O entendimento é que o Brasil quer trazer o G20 de volta à sua essência: trata-se precisamente de oportunidades sociais, oportunidades econômicas e tudo visto com esse grande pano de fundo da mudança climática. Contudo, não podemos ter reuniões do G20 e deixar de lado toda a grande crise global. O Brasil é um ator importante no cenário global, e isso também significa que as principais questões globais farão parte dessa agenda. Quando se é um ator global, se tem responsabilidades globais”, salienta Cadenbach.
A embaixadora, que foi secretária-geral-adjunta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para política de segurança, diz que tudo o que faz no Brasil está, de alguma forma, ligado a “ver como a segurança global está sendo desafiada pela mudança climática”. Na Alemanha, a crise do clima é questão de segurança nacional.
“É essa transformação que ambos os países precisam fazer e que deve acontecer de forma ecológica, mas também socialmente sustentável. O Brasil tem grandes oportunidades de se tornar o primeiro país a se descarbonizar, a ter uma indústria descarbonizada, porque aqui há energia hidrelétrica, solar, eólica, tudo. E estamos olhando para o hidrogênio verde”, disse.
“Sabemos que o Brasil tem muitas oportunidades no que diz respeito à mineração e de fazer mineração de forma sustentável e ecologicamente correta. A Alemanha tem muita experiência em todos os tipos de transformação que podemos trazer para o setor de mineração. O que queremos é torná-la socialmente viável. Não se pode ter um país onde se extrai tudo e o outro ser aquele onde tudo é montado, tudo é reunido”, complementa.