Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Após consolidação de vacinas, corrida agora é pelo melhor remédio anticovid

Primeiro, ganhou velocidade a corrida para criar uma vacina anticovid. Deu certo, com bons resultados e queda de mortes nos locais onde há imunização em massa. Agora, a guerra contra o coronavírus tem avançado por outra trincheira: os remédios. Não produtos sem eficácia comprovada contra a doença, como a cloroquina, mas os que têm aval dos especialistas. Desenvolvidos não só para tratamento, mas até como forma de prevenção, os medicamentos prometem abrir nova perspectiva para o controle da pandemia.

A vacinação, dizem especialistas, continua como o carro-chefe da estratégia de combate. Mas, em um cenário com risco de novas ondas e surgimento de novas cepas, a variedade de remédios pode ajudar a fechar o cerco contra a covid-19, sobretudo para grupos mais vulneráveis, como idosos e quem tem comprometimento do sistema imune. Para que isso funcione, porém, é preciso superar questões como os altos custos e a dificuldade de testagem no País.

Nas últimas semanas, anúncios de ao menos três farmacêuticas trouxeram otimismo. O primeiro foi um remédio produzido pelas empresas Merck Sharp & Dohme (MSD) e Ridgeback Biotherapeutics, a pílula Molnupiravir. O laboratório divulgou, em outubro, potencial de reduzir em 50% o risco de hospitalização ou morte dos pacientes. Nesta sexta-feira, 26, a farmacêutica informou que novos testes apontaram eficácia de 30%.

O medicamento age induzindo mutações na enzima RNA-polimerase do Sars-CoV-2 conforme o material genético do vírus é replicado. “Com o aumento das mutações, o vírus não vai mais ser como era originalmente e isso vai acabar o enfraquecendo”, explica a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Ana Paula Herrmann.

O Molnupiravir foi o primeiro tratamento oral anticovid aprovado no mundo, no Reino Unido, e caminha para ter aval nos Estados Unidos. Por ser um comprimido, a expectativa é de que no futuro possa ser vendido em farmácias. Ainda não há previsão para liberação no Brasil, mas houve uma pré-reunião de submissão de dados com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 19 de novembro, segundo o próprio órgão regulador.

Também neste mês, a Pfizer divulgou resultados de estudos apontando que o antiviral Paxlovid teve eficácia de 89% na redução do risco de internação ou morte entre pessoas com casos graves de covid. Com os bons resultados, a farmacêutica solicitou à agência reguladora dos Estados Unidos (FDA) autorização para uso da droga, e o pedido está em análise.

Como os dois são remédios orais, a expectativa é de que, se tiverem aprovação da Anvisa, possam chegar ao mercado por custo menor do que os de remédios via injeção, como o antiviral Remdesivir e os anticorpos monoclonais.

Alto custo

Atualmente, o tratamento com o Remdesivir, por exemplo, um dos seis remédios aprovados pela Anvisa para tratar a covid-19, pode custar cerca de R$ 15 mil. O custo-efetividade foi um dos motivos para, após avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), o SUS não ter incorporado o Remdesevir na rede pública. Dos seis remédios aprovados pela Anvisa, todos são recomendados para administração hospitalar.

A MSD indicou que pretende pedir registro no Brasil, mas não disse quando. A Pfizer não se manifestou.

Enquanto as pílulas são recomendadas para logo depois da infecção, os anticorpos monoclonais são usados para tentar impedir que o vírus entre no organismo e/ou se desenvolva a ponto de causar infecção.

Bons resultados

Concorrente direta da Pfizer na corrida das vacinas, a AstraZeneca informou semana passada que seu coquetel de remédios AZD7442 é capaz de reduzir em 83% o risco de desenvolvimento de covid-19 sintomática ao longo de um período de seis meses. Para diminuir hospitalizações e mortes, a eficácia seria de 88%. O resultado foi obtido após estudo em mais de 5 mil participantes, que receberam o coquetel de remédios antes mesmo de serem contaminados.

O AZD7442 é uma combinação de dois anticorpos monoclonais de longa ação. Foi enviado pedido de uso emergencial à agência reguladora americana em outubro. Se aprovado, a AstraZeneca negociou o fornecimento de 700 mil doses do coquetel aos Estados Unidos. A empresa informou que planejar pedir registro no Brasil mas próximas semanas, mas ainda não especificou uma data.

Como diferencial, a farmacêutica anglo-sueca reforça que o medicamento pode ser complementar – uma vez que tem como foco pessoas imunocomprometidas, sujeitas a não responder bem às vacinas, e poderia ser usado por pacientes de alto risco antes mesmo de uma eventual infecção.

O AZD7442 poderia fornecer avanço significativo sobretudo para o controle da doença em pessoas sujeitas a dar respostas inadequadas às vacinas e em pacientes que estão tratando doenças como o câncer. Esses grupos, reforça Andricopulo, correspondem a cerca de 2% da população mundial.

No Brasil

Há seis medicamentos com uso emergencial aprovados pela Anvisa para a covid-19 no País, além de uma sétima solicitação em análise. Mais da metade desses remédios são anticorpos monoclonais, administrados por injeção intramuscular. Diferentemente da vacinação, que confere imunidade ativa, eles provêm a chamada imunidade passiva – imitando as defesas naturais do organismo e atuando contra a proteína spike do Sars-CoV-2.

Desenvolvido pela farmacêutica GSK, o sotrovimabe demonstrou redução de 79% em hospitalizações ou do risco de morte por covid, informou a fabricante. Segundo a empresa, o anticorpo monoclonal seria eficaz inclusive contra variantes como a Gama e a Delta, consideradas mais transmissíveis.

Já o Regn-Cov2, fabricado pela Regeneron em parceria com a Roche, reduziu a chance de desenvolver covid sintomática em 81,3%. Os dados foram disponibilizados em estudo clínico publicado na revista científica New England Journal of Medicine.

 

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