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Por Redação Rádio Pampa | 21 de outubro de 2023
A área ocupada por florestas naturais no Brasil caiu 15%, em 38 anos, com uma aceleração entre 2018 e 2022. O total passou de 581,6 milhões de hectares, em 1985, para 494,1 milhões, no ano passado, segundo dados do MapBiomas, plataforma que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia, obtidos a partir do monitoramento por satélites.
Dos 87,5 milhões de hectares suprimidos nesse período, 11% foram registrados nos últimos cinco anos (2018-2022) – o equivalente a pouco mais do que o tamanho do Estado de Santa Catarina (9,54 milhões de hectares ou 95,4 mil km²).
As florestas naturais são formadas por diversos tipos de cobertura, como restingas, savanas e mangues, além das formações florestais encontradas na Amazônia e Mata Atlântica. Esses ecossistemas ocupam 58% do território brasileiro.
A área que essas florestas ocupavam foi quase totalmente (95%) convertida para a ocupação das atividades agropecuárias, pastagens ou cultivos. O governo federal lançou neste ano duas ações com foco em diminuir a destruição da Amazônia e do Cerrado.
A floresta amazônica passa por uma das maiores secas de sua história. A estiagem em grande escala é a quarta deste século na região e deve causar um efeito dominó que aumentará os estragos.
Os biomas que mais perderam florestas naturais entre 1985 e 2022 foram o Cerrado (27%) e a Amazônia (13%), que ainda tem a maior proporção desse tipo de vegetação (78%), seguido pela Caatinga (54%).
As chamadas formações florestais – áreas de vegetação com predomínio de espécies arbóreas e dossel contínuo – correspondem a dois terços do total desmatado entre 1985 e 2022 (58 milhões de hectares), redução de 14% em 38 anos.
De acordo com o levantamento do MapBiomas, nas décadas de 1980 e 1990 observa-se um aumento da perda florestal. A partir de 2006, houve um período de redução da área desmatada. Entre 2018 e 2022, porém, houve um aumento da perda de florestas, chegando a quase 10 milhões de hectares.
Equilíbrio climático
Segundo a coordenadora científica do MapBiomas, Julia Shimbo, as florestas são importantes para manter o equilíbrio climático e protegem os serviços ecossistêmicos vitais. “A perda contínua representa uma ameaça direta para a biodiversidade, a qualidade da água, a segurança alimentar e a regulação climática”, afirma.
As chamadas formações savânicas cobrem 12% do território brasileiro (104,5 milhões de hectares), o que equivale a três vezes o Estado de Goiás. Elas se caracterizam pela distribuição esparsa de espécies arbóreas em meio à vegetação herbácea-arbustiva contínua. Essa formação é a segunda classe de floresta natural mais representativa em área no País e, proporcionalmente, a que teve o maior desmatamento.
Entre 1985 e 2022, a perda de formação savânica foi de 29 milhões de hectares, redução de 22%. De acordo com o levantamento do MapBiomas, de cada cinco hectares desmatados, mais de quatro (83%) foram suprimidos no Cerrado. Na Caatinga, a perda foi de 10% (4,7 milhões de hectares).
Florestas secundárias
O estudo permite identificar as florestas secundárias – as que voltam a crescer em áreas desmatadas. Em 2021, elas ocupavam 41 milhões de hectares, o equivalente a 8% das florestas naturais do País. Os biomas com maior proporção de florestas secundárias são a Mata Atlântica e a Caatinga, com 27% cada (8,1 milhões de hectares e 12,5 milhões de hectares, respectivamente), seguidos pelo Cerrado (12% do bioma, ou 10 milhões de hectares), Pantanal (8% do bioma, ou 100 mil hectares), Amazônia (3% do bioma, ou 9,8 milhões de hectares) e Pampa (2% do bioma, ou 300 mil hectares).