Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 20 de setembro de 2023
A oferta de microprocessadores, os “cérebros eletrônicos” das máquinas, que suportam aplicações de inteligência artificial (IA) generativa no computador pessoal e em dispositivos móveis – e não somente na nuvem –, abre caminho para uma nova geração de semicondutores desenvolvida por empresas como AMD, Intel, Nvidia e Qualcomm. Especialistas dizem que este filão deve estimular um novo ciclo de vendas de notebooks e computadores de mesa (desktops), que passam por um período de baixa após o auge da demanda em 2021.
A janela de oportunidade da IA embutida em semicondutores também foi destacada pela britânica Arm, em 14 de setembro, quando a empresa de design de componentes do grupo Softbank estreou na bolsa americana Nasdaq, avaliada em mais de US$ 65 bilhões.
O mercado de chips que processam aplicações de inteligência artificial na nuvem, em servidores robustos e em dispositivos de consumo final alcançará uma receita de US$ 53,4 bilhões este ano, um aumento de 20,9% em relação a 2022, e vai mais do que dobrar em 2027, a US$ 119,4 bilhões, prevê a empresa de consultoria e pesquisas Gartner.
Somente no segmento de microprocessadores para eletrônicos de consumo, incluindo notebooks e smartphones, os analistas do Gartner projetam uma receita de US$ 1,2 bilhão, mais do que o dobro dos US$ 558 milhões alcançados em 2022.
“Fabricantes de componentes e de notebooks esperam que a melhoria de performance dos computadores e dispositivos móveis com a IA embarcada seja o principal atrativo para o mercado consumidor”, afirma Reinaldo Sakis, diretor de pesquisa e consultoria de dispositivos de consumo da IDC Brasil.
No consolidado de 2023, a IDC projeta uma queda de 13,7% nas vendas globais dos fabricantes de PCs em relação a 2022, com um recuo mais acentuado, de 16,2%, no mercado de consumo final. Para 2024, a previsão é de alta de 3,7% nas vendas para 261,4 milhões de máquinas.
No segmento de consumo, segundo Sakis, o incentivo para a compra de novas máquinas com processadores de IA generativa virá do mercado de jogos eletrônicos já que “o mercado corporativo olha mais a IA para garantir segurança e produtividade”, ele observa.
O anúncio do sistema operacional Windows Copilot, em maio, e do pacote de softwares Office 365 Copilot, ambos da Microsoft, com funções embarcadas de IA generativa é um impulso importante para a indústria de PCs com chips que identificam e processam esses recursos.
Na visão de Luca Rossi, presidente mundial da divisão de PCs, smartphones e tablets da chinesa Lenovo, a inserção da IA generativa nos computadores pessoais trará uma “nova era de ouro” para o mercado.
“De certa forma, seu computador saberá mais sobre você do que você mesmo. Será seu gêmeo digital”, disse, em agosto, o executivo da fabricante que lidera as vendas mundiais de PCs com 23,1% de participação no segundo trimestre, segundo a IDC.
A próxima geração de chips para PC da americana Intel, anunciada nesta terça-feira (19) com previsão de lançamento em dezembro, contará com uma unidade de processamento neural (NPU, na sigla em inglês), um processador dedicado a acelerar os cálculos exigidos pelos algoritmos de IA generativa, sem consumir mais energia da máquina. “O mantra é fazer mais rápido e gastar menos energia”, observa Marcio Paulino, líder de Tecnologia da Intel Brasil.
A NPU é uma unidade de processamento especializada para atividades de IA, enquanto a CPU (sigla em inglês para unidade central de processamento) processa as tarefas gerais do PC.
O ajuste fino da conversa entre o microprocessador e um sistema operacional, por exemplo, começa ao menos seis meses antes da chegada de uma nova geração de chips aos fabricantes de PCs, informa Paulino.
“A chegada de um Windows Copilot e de um pacote Office com IA é impulso importante, mas é preciso ter algo no motor da máquina que responda a isso”, observa o executivo.