Quarta-feira, 19 de março de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 14 de julho de 2023
Relator da Medida Provisória (MP) que estabeleceu a organização básica dos ministérios do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões reagiu às falas da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Marina afirmou que a perda de gestão sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a Agência Nacional das Águas (ANA) ocorreram “talvez uma falta de compreensão do Congresso, já que há uma parte negacionista, que acha que não tem problema de mudança climática e de desmatamento”.
Representante de um partido que possui três ministérios no governo Lula, Isnaldo afirma que as alterações foram feitas por alterações acertadas com Lula e afirma que a inconformidade da ministra se deve ao fato dela querer “ampliar os seus poderes”.
“Marina está totalmente equivocada. Não houve qualquer esvaziamento do ministério dela. Se ela acha que houve, não está na mesma página do governo. Tudo o que está na MP foi fruto de entendimentos. Ela fala que há falta de compreensão do Congresso. Isto pode existir, sim, mas de uma pequena parcela radical. O texto teve apoio e foi avalizado pelo presidente Lula.”
Isnaldo afirma nunca ter tido dificuldades em manter diálogos com Marina, mas diz que declarações como estas são frutos de “disputas de poder” entre políticos. Ele aponta a ministra como uma pessoa que “quis ampliar o seu poder”.
“Não posso reclamar de falta de debates com a Marina, que sempre dialogou comigo. Mas a interpretação de esvaziamento não é real e é prejudicial para o país. Todas as ações de preservação ambiental foram preservadas no texto. Só não pode uma ministra do Meio Ambiente achar que pode ser responsável pela estrutura de segurança hídrica, um dos objetivos dela. Isso é atribuição histórica do Ministério da Integração que tem condições e verbas para tal. Ela queria ampliar o poder, isso sim. O meu maior desafio, durante os diálogos da MP, deixei sempre claro, era dialogar em meio às disputas de poder e espaços. A mesma Marina que fala isso, conseguiu editar a medida 1161, ultrapassando seus limites.”
O que Marina Silva disse:
1) O Ministério do Meio Ambiente perdeu a gestão sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e a Agência Nacional das Águas (ANA), mas manteve a Política Nacional de Recursos Hídricos. O governo cedeu ao Centrão?
Não. O presidente Lula, naquilo que é possível, vetou e restabeleceu as competências do Ministério do Meio Ambiente. Infelizmente, a base do governo é de mais ou menos 150 deputados para temas de meio ambiente, direitos humanos, questão indígena, direitos das mulheres e políticas de juventude e de cultura. A frente ampla que a gente articulou para proteger a democracia e não inviabilizar o Brasil foi altamente necessária, mas essa composição nem sempre caminha unida nesses temas. O ministro (Alexandre) Padilha pode ficar rouco de tanto falar da importância desses temas, mas aí são outros aspectos de escolhas. Numa frente ampla, você não obriga que as pessoas sejam seguidoras. Não vejo no sentido de ceder. Eu simplesmente não tive, no caso, força política e voto suficiente.
2) O ministério foi esvaziado após o Ibama vetar a exploração de petróleo na foz do Amazonas. Foi retaliação do Congresso?
Talvez uma falta de compreensão. Há uma parte negacionista, que acha que não tem problema de mudança climática e de desmatamento. Mas existe uma outra parte que acha que o ministério tem uma agenda de fomento. É uma agenda de preservação e de uso sustentável.