Sábado, 04 de maio de 2024

O mundo está entrando na quinta década da Aids, doença que já matou mais de 36 milhões de pessoas

“Bota a camisinha, bota, meu amor / Que hoje tá chovendo, não vai fazer calor.” A marchinha de João Roberto Kelly cantada pelo apresentador Chacrinha estourou em 1987. Ninguém estranhava, nos anos 1980 e 1990, a irreverência das campanhas para a prevenção contra o vírus HIV para adultos, adolescentes ou grupos específicos.

O vírus da Aids foi identificado pela primeira vez no início dos anos 80. O primeiro caso no Brasil foi em 1983, na cidade de São Paulo. O mundo está entrando na 5ª década do surgimento do HIV, e apesar de continuar existindo infecção e mortes, o Brasil está mais acanhado no enfrentamento ao vírus.

Mas o fluxo de informação não pode parar. Por isso, a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), que tem como foco o acompanhamento das políticas públicas, a formulação de projetos de educação e prevenção ao HIV e à Aids, vai realizar uma live em formato de talk show na quarta-feira (18), via zoom, para abordar essas questões. A partir daí, o canal da instituição no YouTube vai disponibilizar uma série de cinco entrevistas com especialistas da Abia.

Mais de 36 milhões já morreram de doenças relacionadas à Aids no mundo. O vice-presidente da Abia, Veriano Terto Junior, que é doutor em Saúde Coletiva, lembra que o Brasil tem uma boa experiência no enfrentamento à epidemia, com acesso universal aos medicamentos distribuídos pelo SUS.

“Quanto menos carga viral no corpo em tratamento, menor a chance de infectar outras pessoas. No Brasil, conseguimos um número próximo de 70% das pessoas diagnosticadas com HIV e em tratamento com carga viral indectável, o que é um dado muito bom”, comenta.

Para o especialista, combater o HIV deixou de ser prioridade para governos e órgãos de saúde publica. “O tratamento é mais precário onde há populações que ‘não interessam’ para o mundo: pobres, trans, países africanos. Nesse contexto cada vez mais conservador, as pessoas são vistas como problemas, ameaças, e isso acaba afetando a maneira de ver a Aids. É mais uma doença da pobreza e dos potenciais ‘doentes’ da sociedade”, expõe a ferida.

Tuberculose

No Brasil, temos uma estimativa de 10 mil mortos por ano, sendo que cerca de 30% estão relacionados à coinfecção com a tuberculose. Quem tem HIV está mais suscetível de adquirir a outra doença? Sim, mas somente quem não está em tratamento. É comum que quem tem tuberculose faça o teste para HIV e vice-versa. Aliás, duas doenças altamente estigmatizadas.

O preconceito é uma barreira teimosa para um mundo que há 40 anos luta contra uma epidemia. Até hoje, quem se infecta com o HIV, desenvolvendo Aids ou não, é ‘apontado’ pela sociedade, o que acaba gerando um prejuízo emocional ao paciente.

“A pessoa pode ter depressão, porque não pode revelar sua condição no trabalho, tem dificuldades sociais e de iniciar relacionamentos. Pior: no Brasil, não temos uma legislação que proíba empresas de submeter as pessoas a testes de HIV”, aponta Veriano.

Quando uma pessoa adquire o vírus mas não está com nenhum tipo de infecção oportunistas e sistema imunológico não está deteriorado, diz-se que ela possui HIV. Para dizer que alguém está com Aids, além de ter o vírus, a pessoa necessariamente padece de alguma infecção oportunista e está com a imunidade seriamente afetada.

“Já quando a pessoa inicia tratamento retroviral e diminui a quantidades de vírus a níveis indetectáveis, ela deixa de transmitir o vírus. Isso se chama tratamento como prevenção. Mas é preciso manter o tratamento para continuar assim”, explica o coordenador da área de Prevenção e Promoção de Saúde da instituição, o médico e psicoterapeuta Juan Carlos Raxach.

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