Terça-feira, 16 de abril de 2024

Reabertura das fronteiras de Portugal aos voos de turismo do Brasil já impulsiona uma nova onda de imigração

A reabertura das fronteiras de Portugal aos voos de turismo do Brasil já impulsiona uma nova onda de imigração. Milhares de brasileiros chegaram ao país e têm esperança de ficar. Outros estão de passagem comprada para entrar no país como turistas. E há quem procure trabalho antes de embarcar para viajar de forma regular.

Mais que a falta de segurança pública, é a insatisfação política, a perda do poder de compra e a escassa oferta de vagas no mercado de trabalho em suas áreas que levam os brasileiros a Portugal nesta nova fase de imigração.

Assim como em 2017, ano da retomada do crescimento da população brasileira em Portugal após seis anos estagnada, o perfil dos novos imigrantes é diverso. Empresas de consultoria em imigração confirmaram um aumento da procura de brasileiros por informação.

Alguns acumularam dinheiro e planejaram a mudança de vida para tentar minimizar imprevistos, uma lição aprendida com a pandemia de covid-19.

Ao mesmo tempo, reconhecem que pode levar tempo até conseguirem emprego em Portugal, mesmo com a falta de mão de obra. E não se importam em trabalhar em outras áreas.

Com passagem comprada desde abril deste ano, a biomédica paraense Poliane Pereira afirma ter marcado voo para a próxima quinta-feira. Na última sexta-feira (1º), o governo manteve a reabertura ao turismo do Brasil até o fim de outubro.

“Esta abertura foi uma luz no fim do túnel. Impulsionou muito a ir em busca dos meus sonhos”, disse Pereira.

Ela diz que, mesmo o pai sendo médico, não conseguiu emprego estável na área e acabou indo trabalhar numa loja de um shopping em Belém.

“O Brasil está tão difícil, tudo muito caro e a falta de reconhecimento não ajuda. O salário é péssimo. Não está fácil viver, várias pessoas estão se formando e não conseguindo emprego em sua área. Daí pensei, por que não fazer outra coisa, que não seja na minha área, fora do Brasil?”, ponderou.

Pereira afirma ter um filho e estar disposta a trabalhar em outras áreas. Tenta arrumar trabalho à distância, mas revela que está complicado. Enquanto a estabilidade não chegar, ela conta que tem planejamento para se manter.

“Sem ele (planejamento) se torna mais difícil sair, porque é necessário levar uma quantidade boa de dinheiro e também estar disposto a procurar emprego em diversas áreas Acho que acima de tudo tem que ter coragem pra assumir esse risco. O planejamento faz com que tenhamos uma segurança a mais”, contou Pereira.

Inflação, crise política e a falta de oportunidades para construir carreira em sua área estão entre os motivos para ir embora do Brasil apontados pela farmacêutica Raphaela Pereira, de Maringá (PR).

Ela conta que é formada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR) e fez doutorado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), mas lamenta não conseguir emprego financeiramente compatível com a sua formação.

“Acredito que tem muito a ver com o atual presidente, que mostrou e deu voz a uma parte da população retrógrada, contrária à mudanças. O Brasil nunca investiu muito na educação, pesquisa e desenvolvimento, mas desde que este governo assumiu, as coisas pioraram muito. E mesmo que ele não seja reeleito, o estrago feito durará muito e muitos anos”, contou Raphaela.

Ela explicou ter feito parte do doutorado em Ferrara, na Itália, o que mostrou novas possibilidades de vida. E expôs a diferença em relação ao Brasil:

“Voltei acreditando que conseguiria um emprego compatível, mas me enganei, consigo geralmente um emprego onde ganho o piso do farmacêutico, o que é pouco. Universidades públicas quase não abrem vagas mais, somente de temporários, que duram dois anos, trabalhei na UEM-PR, o contrato acabou um pouco antes do começo da pandemia, e precisei trabalhar em farmácias, o que não gosto. Particulares pagam mal e contratam o mínimo de professores, e geralmente os que têm menor titulação tem preferência. Durante meu mestrado e doutorado, desenvolvi e caracterizei novas formulações farmacêuticas. Tenho paixão por isto, mas no Brasil não é possível, porque as indústrias farmacêuticas não fazem pesquisa e desenvolvimento. Somos um país cada vez mais refém da tecnologia dos outros países.”

Raphaela informou que é neta de portugueses e dará entrada no pedido de cidadania em breve. Ela afirma que voltou a estudar francês e inglês, além de falar italiano. Quer abrir portas não só em Portugal, mas na Europa. Procura emprego na área e também oportunidades para fazer um pós-doutorado. Pretende embarcar no início de 2022.

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