Segunda-feira, 19 de maio de 2025

9ª economia do mundo: 3,1% é a nova projeção do Fundo Monetário Internacional para o crescimento do PI do Brasil neste ano

Desde 2021, os analistas que acompanham o ritmo da atividade econômica entraram num movimento de revisar para cima – e de forma frequente – suas previsões de início de ano para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2023, o roteiro é o mesmo: as projeções iniciais apontavam um crescimento na faixa de 0,5% e 1%, mas, hoje, estão próximas de 3%.

Entre os economistas, uma das hipóteses que pode ajudar a explicar essas revisões tem a ver com as reformas realizadas por diferentes governos nos últimos anos. A leitura é a de que elas ajudaram a aumentar o PIB potencial do País – a capacidade de crescer sem gerar desequilíbrios econômicos. Da faixa de 1% a 1,5%, passou para o patamar de 1,5% a 2%.

“O País fez várias reformas a partir de 2016, cujo impacto acumulado tende a ser positivo para o PIB”, diz Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa macroeconômica do Itaú Unibanco.

Na lista de reformas estão a da Previdência, a trabalhista – que reduziu a insegurança jurídica no mercado de trabalho –, a autonomia do Banco Central, a criação do Marco do Saneamento e a adoção de regras fiscais, como o teto de gastos e o arcabouço fiscal, que, apesar de imperfeitas, tentam dar alguma visibilidade para as contas públicas. No longo prazo, espera-se que a reforma tributária, ainda em tramitação, também traga ganhos para o País.

Segundo economistas, é difícil quantificar quanto cada reforma trouxe de impacto positivo para o PIB brasileiro, mas a avaliação é que esse conjunto de medidas pode ter sido capaz de mudar o patamar de crescimento do País.

“Nós subestimamos”

“Nós, economistas, subestimamos os efeitos das várias reformas que foram feitas no Brasil nos últimos anos”, afirma Fernando Honorato, economista-chefe do banco Bradesco.

“E não é um fenômeno só registrado pelos economistas brasileiros. Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil foi o país que teve a maior surpresa de crescimento em 2023. É representativo de que algo está acontecendo.”

Nesse contexto de revisão geral, incluindo os organismos internacionais, Honorato também cita uma “inércia do pessimismo” com o Brasil depois da recessão do biênio de 2015 e 2016. “Foi uma crise muito severa e que levou a PIBs que nunca tínhamos vistos nos últimos 100 anos.”

Segundo o economista-chefe do Bradesco, esse momento de crise profunda no Brasil pode ter contaminado a avaliação dos analistas na hora de fazer suas projeções.

Além das reformas promovidas nos últimos anos, como a trabalhista e a da Previdência, fatores conjunturais podem ajudar a explicar o desempenho econômico melhor do que o esperado nos últimos anos. Estímulos monetários e fiscais adotados pelo governo para combater os estragos causados pela pandemia de covid, que se somam a medidas recentes, como o reajuste real do mínimo e do salário dos servidores, estão entre medidas levantadas por economistas para ajudar a entender as diferenças entre as projeções e o PIB efetivo.

No auge da crise sanitária, a maioria dos governos despejou recursos para socorrer famílias e empresas. Bancos Centrais promoveram um longo ciclo de redução das taxas de juros. No Brasil, a Selic caiu a 2%.

Mesmo na pandemia, em 2020, as previsões mais pessimistas para o Brasil foram sendo deixadas de lado. O Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a projetar uma queda de 9,1% para o PIB brasileiro naquele ano. É verdade que a economia recuou, mas a recessão foi bem menor, de 3,3%.

“O efeito de política fiscal deve ir se acomodando, mas desde a pandemia temos muitas coisas acontecendo”, diz Eduardo Jarra, economista-chefe da Santander Asset Management. “Houve alta da quantidade de pessoas com acesso ao Auxílio Brasil – hoje Bolsa Família –, tem a questão do salário mínimo e do (reajuste do) funcionalismo. Houve uma sequência de medidas.”

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