Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 5 de abril de 2022
Um dos maiores entusiastas da candidatura de Sergio Moro (União Brasil) à presidência da República, o senador Álvaro Dias (Podemos) afirmou nessa terça-feira (5) que as manobras do ex-ministro não tiveram a “afinidade” que a política exige e que seu desgaste pode ser “irreversível”.
“Talvez esse desgaste revele a inaptidão dele (Moro) na atividade política. É um desgaste irreversível, talvez. Nós não podemos deixar de reconhecer que as manobras efetuadas não tiveram a afinidade que a política exige”, afirmou o senador em entrevista ao UOL News.
Na última segunda (4), o senador, que soube da ida de Moro ao União pela imprensa, afirmou que Moro seria bem-vindo de volta no Podemos, partido que deixou sem mesmo comunicar a direção nacional.
“Eu não teria dificuldade em recebê-lo, e imagino que o partido também não”, disse ao site.
Ao UOL, Álvaro Dias revelou que Moro desejava ir para um partido maior desde o o ano passado, ideia que o senador sempre rechaçou.
“Eu entendi que a busca de uma estrutura maior tinha por objetivo dar competitividade à sua candidatura. Ele imaginava que no Podemos não teria condições de ser indicado como candidato no centro democrático. Eu o alertei: ‘Olha, aí há um equívoco. No União Brasil há forte rejeição’. Agora comprovadamente ele não é mais candidato. Portanto, sepultou o sonho de ser presidente da República”, declarou o parlamentar.
Moro trocou o Podemos pelo União Brasil na semana passada e, apesar do pouco tempo na sigla de Luciano Bivar, vem enfrentando resistências internas, principalmente vindo da ala do DEM — liderada por ACM Neto —, que não aceita a candidatura à Presidência.
Senado
O União Brasil não tem interesse em lançar Moro como o seu candidato ao Senado por São Paulo. O partido, que vetou a pré-candidatura presidencial do ex-juiz, entende que sairia prejudicado por não ser “dono” do mandato de Moro em caso de eleição.
O entendimento parte da premissa de que senadores não estão sujeitos às mesmas regras de fidelidade partidária aplicadas aos deputados federais. Dirigentes da sigla acreditam que o ex-juiz poderia abandonar o União Brasil a qualquer momento, assim como ele deixou o Podemos após gastar cerca de R$ 3 milhões do fundo do partido.
A eleição de Moro para a Câmara dos Deputados é do interesse do União Brasil porque, além de controlar o mandato do ex-juiz, o partido poderá usá-lo para eleger outros políticos com o excedente de votos. A direção da sigla pretende fazer 14 deputados caso Moro aceite ser candidato ao Legislativo.
O partido quer entrar na disputa com Guilherme Boulos e Eduardo Bolsonaro para que Moro seja o deputado mais bem votado no Estado, mas o ex-juiz ainda não demonstrou vontade para concorrer a uma vaga na Câmara.
A candidatura do União Brasil ao Senado virou uma incógnita após o apresentador José Luiz Datena se filiar ao PSC, aliado de Tarcísio de Freitas na disputa pelo governo de São Paulo. Datena abandonou o União Brasil, que está na chapa do tucano Rodrigo Garcia, por ter se irritado com a quase desistência de João Doria da corrida presidencial.