Domingo, 19 de maio de 2024

Desfile da vitória em Moscou terá pela primeira vez desde 2010, avião de comando nuclear

O presidente Vladimir Putin vai enviar um alerta “apocalíptico” ao Ocidente quando liderar as celebrações marcando o 77º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, na próxima segunda-feira (9), exibindo o vasto poder de fogo da Rússia enquanto as forças do país travam uma guerra na Ucrânia.

Desafiante perante o profundo isolamento imposto pelo Ocidente desde que ordenou a invasão a seu país vizinho, Putin vai falar na Praça Vermelha antes de uma parada militar com soldados, tanques, foguetes e mísseis balísticos intercontinentais.

Voos rasantes sobre a Catedral de São Basílio incluirão caças supersônicos, bombardeiros estratégicos Tu-160 e, pela primeira vez desde 2010, o avião de comando “apocalíptico” Il-80, que seria a principal aeronave russa a ser usada durante uma guerra nuclear, disse o Ministério da Defesa.

Nesse cenário, o Il-80 é projetado para se tornar o centro de comando para o presidente russo. Cheio de aparatos tecnológicos, seus detalhes específicos são segredos de estado da Rússia.

O líder do Kremlin, de 69 anos, repetidamente relacionou a guerra da Ucrânia ao desafio enfrentado pela União Soviética quando houve a invasão dos nazistas de Adolf Hitler, em 1941.

“A tentativa de apaziguar o agressor na véspera da Grande Guerra Patriótica revelou-se um erro com alto custo para nosso povo”, disse Putin em 24 de fevereiro, quando anunciou o que chamou de uma operação militar na Ucrânia. “Não cometeremos tal erro uma segunda vez, não temos esse direito.”

Putin apresenta a guerra na Ucrânia como uma batalha para proteger os falantes de russos na Ucrânia da perseguição de nazistas e para resguardar a Rússia do que chama a ameaça representada pelos EUA de estender o raio de ação da Otan (aliança militar ocidental) em direção ao leste.

Kiev e o Ocidente descrevem essas declarações como um pretexto sem base para travar uma guerra de agressão não provacada contra um estado democrático soberano.

A União Soviética perdeu 27 milhões de pessoas na Segunda Guerra, mais do que qualquer país, e Putin denunciou, em anos recentes, o que Moscou vê como tentativas do Ocidente de revisar a história da guerra para subestimar a vitória soviética.

Além da derrota de 1812 do imperador francês Napoleão Bonaparte, a derrota da Alemanha nazista é o mais reverenciado triunfo militar dos russos, embora as duas invasões vindas do oeste tenham deixado a Rússia profundamente sensível em relação a suas fronteiras.

Sombra da Ucrânia

A guerra na Ucrânia projeta uma grande sombra sobre o Dia da Vitória.

A invasão russa deixou milhares de mortos e forçou quase 10 milhões a fugirem de casa. Também deixou a Rússia sob pressão por causa das duras sanções ocidentais, causando temores de um confronto mais amplo entre a Rússia e os EUA — de longe, as maiores potências nucleares do mundo.

Embora 11 mil soldados marchando na Praça Vermelha ao longo do que, segundo o Ministério da Defesa, serão 131 peças militares representem um grande espetáculo, o conflito ucraniano expôs a fraqueza nas Forças Armadas russas apesar da tentativa de Putin, em suas duas décadas no poder, de conter o declínio pós-soviético.

O Kremlin teve negada uma rápida vitória, e a economia russa — apertada pelas sanções — enfrenta a pior contração desde os anos posteriores ao colapso da União Soviética.

Há menos de duas décadas, o presidente George W. Bush se juntou a Putin para as celebrações de 9 de maio em Moscou. Neste ano, nenhum líder do Ocidente foi convidado, disse o Kremlin.

Os EUA e seus aliados aumentaram o envio de armas à Ucrânia, e Putin se tornou alvo de pedidos de alguns dentro do Exército russo para usar maior poder de fogo contra a Ucrânia, disseram à Reuters duas fontes próximas às Forças Armadas. Moscou reiteradamente advertiu o Ocidente de que seus suprimentos de armas são alvos legítimos.

Antes de 9 de maio, crescia a especulação em Moscou e nas capitais ocidentais de que Putin preparava algum tipo de anúncio especial sobre a Ucrânia, talvez até uma declaração direta de guerra ou mesmo uma mobilização nacional.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descartou tais sugestões durante a semana anterior, descrevendo-as como “sem sentido”.

O Kremlin não respondeu a pedidos de comentário sobre o que Putin deve dizer em seu discurso, a ser proferido da tribuna da Praça Vermelha, em frente do Mausoléu de Lenin.

No ano passado, Putin se lançou contra o excepcionalismo ocidental e contra o que disse ser a ascensão do neonazismo e da russofobia — ideias que abordou repetidamente em referência à questão da Ucrânia.

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