Quinta-feira, 28 de março de 2024

Ioga facial previne envelhecimento da pele com exercícios; entenda a técnica

Arregalar os olhos, apertar os lábios, rodar a língua dentro da boca e praticar “caretas” já são um hábito da terapeuta nutricional Kiki Felipe, de 56 anos, nas mais diversas situações: quando está na fila do supermercado, no metrô ou em casa, por exemplo. Ela é praticante da chamada ioga facial, que inclui uma série de exercícios dos músculos do rosto, pescoço e colo, técnicas de respiração, automassagens e ajustes posturais. “A gente se preocupa em fazer ginástica para o corpo, mas se esquece dos mais de 50 músculos do rosto, que é o nosso cartão de visitas”, diz.

Duas vezes ao dia, Kiki faz os exercícios que aprendeu em um curso de ioga facial há três anos. Ela afirma que os resultados são visíveis. “Notei que as linhas de expressão nos olhos e vincos de sorriso melhoraram. Sinto que fiquei com uma aparência mais saudável no rosto, depois de adotar esse ritual de autocuidado.” A melhora impressionou tanto que ela resolveu fazer o curso avançado para poder dar aulas.

A professora de Kiki é Cláudia Reis, de 56 anos, que conheceu a ioga facial há 25 anos, mas só se aprofundou no assunto nos últimos seis anos. Aprendeu a técnica com instrutores famosos mundialmente como Danielle Collins e Fumiko Takatsu. Em 2018, lançou a sua plataforma de cursos online de ioga facial, que já atraiu 350 alunos. Nesse mesmo ano, viu o interesse pela técnica aumentar quando a duquesa de Sussex, Meghan Markle, revelou, em 2018, que esse era o segredo para a beleza natural do seu rosto. As atrizes Gwyneth Paltrow e Jennifer Aniston também já anunciaram que são adeptas da técnica, assim como a brasileira Maitê Proença.

Para ver resultado, é preciso dedicar pelo menos 20 minutos diários aos exercícios, por 2 meses, no mínimo, diz Cláudia. “A ioga facial pode proporcionar melhora nos contornos do rosto, redefinição de volumes, mais tônus à pele, que fica com uma textura melhor. Não tem milagre nem perfeição e exige dedicação, por isso não é indicado para pessoas imediatistas.” Alguns acessórios, como espátulas e rolinhos, podem ser usados para algumas manobras no rosto, mas geralmente só as mãos limpas com algum óleo ou hidratante são suficientes para realizar os exercícios.

O método criado por Cláudia inclui um trabalho de reorganização postural. “Prestamos atenção em detalhes, como a forma de olhar e a abertura de ombros, que têm reflexo na aparência”, exemplifica Cláudia. Ela explica que os exercícios que trabalham os músculos faciais promovem uma “massagem interna” que ativa os tecidos do pescoço e do rosto, permitindo uma melhor circulação sanguínea e drenagem linfática. Praticante de hatha yoga há 30 anos, ela diz que a ioga facial, assim como a ioga clássica, traz melhorias na saúde, na autoestima e no bem-estar – a beleza é apenas uma consequência.

O termo “ioga facial” foi “emprestado” da milenar prática indiana. Márcia de Luca, estudiosa da ioga, meditação e ayurveda (filosofia médica indiana), nunca viu o termo “ioga facial” nos textos clássicos da ioga. Apesar disso, ela considera que os exercícios faciais são válidos, já que devem ser trabalhados assim como os do restante do corpo.

A relação com o botox

Aos 74 anos, Bartira Bravo afirma nunca ter passado por cirurgia plástica ou procedimentos estéticos invasivos para poder funcionar como garota-propaganda de seu próprio método de ginástica facial. Todos os dias, desde 1992, ela dedica 15 minutos a exercícios que envolvem músculos do rosto, pescoço e face. Ela explica que as tensões do dia a dia aceleram a criação de vincos na pele e que a ginástica facial ajuda a reduzir esse estresse, pois tem movimentos ritmados e coordenados, combinados com descanso.

As práticas de ginástica facial podem contribuir para a saúde se forem suaves, pois proporcionam relaxamento, afirma a dermatologista Edileia Bagatin, coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Sabemos da conexão entre doenças crônicas de pele, como a acne, com o estresse. Por isso, uma massagem suave pode trazer benefícios, sim.” Ela afirma, porém, que ainda não há evidências científicas de que essa prática traga benefícios estéticos.

No entanto, uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, em Chicago, concluiu que uma rotina de exercícios faciais de 30 minutos diários, por cinco meses, pode rejuvenescer a pele em até três anos. O estudo, divulgado em 2018, foi realizado com mulheres de 45 a 60 anos. Os participantes fizeram diversos exercícios como para “esculpir” as bochechas, melhorar aparência do pescoço, levantar a pálpebra dos olhos e as sobrancelhas.

As instrutoras de ginástica e ioga facial não recomendam a prática a quem aplicou botox ou que esteja com alguma lesão no rosto ou pescoço. “Não é que seja perigoso, mas com a ginástica facial o botox perde o efeito mais rapidamente. Se ela já investiu nisso, é melhor aproveitar até o fim”, diz Bartira.

A instrutora de ioga facial Alessandra Scavone, de 47 anos, tem uma visão diferente. Ela inicia o plano de exercícios mesmo que o paciente tenha aplicado botox. “Conseguimos fazer a transição do uso do botox para a ioga facial. Em vez de paralisar o músculo com o botox, passamos a aprender a treinar e relaxar, melhorando assim a aparência”, explica. “As pessoas que me procuram querem ter uma aparência melhor, mas que se reconheçam. Não querem ficar superesticadas por um efeito Cinderela”, diz.

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