Segunda-feira, 11 de novembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 29 de outubro de 2023
Fora da política desde a saída do partido Novo, no fim de 2022, por declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno, o empresário João Amoêdo diz que a vontade de militar na política partidária não acabou, mas admite desânimo de recomeçar todo processo para construção de uma legenda. Sem filiação partidária, ele afirmou em uma entrevista que deve permanecer distante da eleição do ano que vem. Sobre o partido que ajudou a fundar, o presidenciável de 2018 disse que a agremiação caminha para se tornar insignificante. Abaixo, os principais trechos.
1. O sr. pretende disputar a eleição de 2024?
Em 2024 não tenho pretensão de concorrer a nada. Continuo com o mesmo desejo, que era criar uma plataforma diferenciada para trazer gente nova para a política, mudar a forma de atuação dos partidos e, no final, o que era o objetivo principal, melhorar a vida do brasileiro. Vendo o cenário de hoje, acho pouco provável partir para a fundação de um outro partido. Acho que a sociedade brasileira ainda é muito pouco participativa na política.
2. É um sentimento de desânimo ou receio de recomeçar e não dar certo?
Acho que tem que ter um ambiente mais favorável. Tem que ter um grupo de pessoas com tamanho suficiente para colocar o projeto de pé. Acho que o Novo foi bem até determinado momento, depois se desvirtuou. O Novo de hoje é muito diferente do que os fundadores idealizaram. Um dos principais argumentos era que o Novo era partido ficha-limpa, inclusive para os filiados. E o Novo está mudando o estatuto e já está aceitando gente que não seja ficha-limpa. O Novo não usava dinheiro público. Depois de obter votos com esse discurso, passa a usar.
3. Está parecido com outros partidos?
Eu diria que pior, porque é um partido ainda pequeno, sem capilaridade, com pouquíssimos filiados. Então, ao escolher fazer o mesmo roteiro dos demais partidos, ele simplesmente vai ficar insignificante. Já não bateu a cláusula de barreira em 2022 e não tem nenhuma vantagem competitiva. Não traz esperança de mudança, não faz o cidadão se interessar em participar. De fato, infelizmente, ficou irrelevante.
4. Como avalia a medida do governador de Minas, Romeu Zema, de aumentar impostos no Estado?
A gente paga muito imposto e recebe muito pouco em troca. O caminho não é aumentar imposto, é deixar mais dinheiro no bolso do cidadão para ele ter liberdade de atuar e o Estado atuar nas áreas essenciais e cortar custos. Essa onda do Zema de aumentar impostos vai totalmente contra os princípios do Novo.
5. Como avalia esses cinco anos do governo dele?
O Zema é uma pessoa dedicada, séria. Começou bem ao buscar um ajuste nas contas, tinha uma situação fiscal muito deteriorada deixada pelo governo anterior (Fernando Pimentel, do PT). Cinco anos depois, os desafios são outros, e a régua tem que ser um pouco maior. Ele não conseguiu ainda privatizar nada, não conseguiu fazer o ajuste da dívida que tem com o governo. Não dá mais para colocar a culpa na gestão anterior.
6. É um “tiro no pé” o Novo filiar o ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol?
Eu não sei qual vai ser o objetivo do Deltan. Pelo que eu li, ele vai ser um embaixador do Novo. O Novo já teve embaixador, que era o Bernardinho, ex-técnico da seleção de vôlei. Mas o Bernardinho era um filiado como outro qualquer. Pagava filiação, não recebia nenhum tostão, inclusive quando ele fazia as viagens para participar de palestras, ele que pagava do próprio bolso as passagens. Eu não consigo ver o valor de gastar R$ 41 mil, que, para o orçamento que a gente tinha, era um valor alto, para ter alguém. Qual vai ser a função? Me parece que é um gasto desnecessário, mas vai muito na linha do que está o partido hoje, que é buscar ter alguma relevância, mas sem ter muitas entregas.
7. Jair Bolsonaro deveria se afastar da militância política, já que está inelegível?
É da natureza dele tentar continuar em evidência. E eu acho que hoje esse é um dos grandes problemas do Brasil. O Bolsonaro vai manter esse processo de trazer para si e para a família esse bolsonarismo vivo. Acho que ao longo do tempo isso vai diminuindo, porque, fora do poder, é muito mais difícil.